Divertida-mente 2: a Riley cresceu!

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O segundo filme de Divertida-mente (Inside Out) foi lançado a 14 de junho, no entanto, estreou em Portugal apenas um mês depois, a 11 de julho. O Jornal desacordo esteve presente na antestreia.

Divertida-mente 2 (Fonte: Disney PT).

É reduzida a quantidade de pessoas que não fazem ideia do que se trata este filme. O primeiro, lançado em junho de 2015, quando muitos de nós éramos meras crianças acabadas de sair da primária, aborda a vida de Riley desde o momento em que nasce, explorando todas as camadas do seu subcosciente. A mente, algo complexo, surge, neste filme, como algo simples: uma cidade organizada.

Nove anos foi o tempo que Riley demorou a crescer. Muitos de nós crescemos com ela. Neste segundo filme, Riley já não é uma criança: passa dos 12 para os 13 anos, marcando a sua entrada nos “teen years” (thirteen).

Com isto, surgem novas emoções. Para fazer companhia à Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Repulsa, temos a Ansiedade, a Inveja, o Ennui e o Vergonha. Surgem também novos territórios mentais. E se antes, a ilha da família estava em destaque, agora fica sobreposta pela ilha dos amigos, algo comum na adolescência.

Os próprios especialistas da mente, vulgo psicólogos, parabenizam a produção por ter construido em cinco anos a explicação de um fenómeno que a psicologia demorou o quádruplo do tempo a explicar: a ansiedade. O filme tem sido um grande sucesso: mundialmente, é o filme de animação com a maior receita de bilheteira de todos os tempos, dono e senhor da maior abertura de cinema em 2024.

Em Portugal, o cenário não é muito diferente: estamos só a falar da melhor abertura de sempre. Fica a conhecer as vozes que dão vida às personagens na versão portuguesa, entre elas Erica Rodrigues, a ISCSPiana que dá voz à ansiedade.

As vozes da versão portuguesa (Fonte: Marta Ricardo).
★★★★

Em ambas as produções materalizam-se realidades mentais complexas, tornando-as mais simples. O filme está extremamente bem conseguido nesse sentido. Mesmo as pessoas que não têm ansiedade ficam a perceber exatamente como funciona.

Para os que têm e sabem o que a casa gasta… levem os lencinhos de papel. Pelos olhos de quem lida com a ansiedade há cinco anos, este filme foi como um abraço. É sempre bom sentir que alguém percebe, mesmo que sejam os senhores que escreveram o filme e que nunca nos viram na vida. Claramente que não fui só eu a sentir este abraço, mas perceber uma enorme quantidade de pessoas assim tão bem não é para todos.

Lágrimas à parte, o facto de um filme criar uma conexão com o público é meio caminho andado para deixar o público satisfeito. Mas não ficamos por aí. Mais impressionante é o facto de não haver qualquer redução de qualidade em comparação com a primeira produção. Parece que agora está na moda fazer sequelas para tudo e para nada. Esta não foi uma segunda parte “só porque sim”, bem pelo contrário.

Tenho pena que o filme tenha circulado todo em volta de um acontecimento específico. Embora tenha explorado muito bem todas as dimensões da mente e não tivesse sido um filme aborrecido (bem pelo contrário), gostava de ter visto mais acontecimentos na vida de Riley.

O final não foi conclusivo, mas também não foi exatamente inconclusivo. Foi um “nim”. Parece que sugere uma parte 3… e faz sentido que esta surja! Mas considerando o modus operandi da indústria cinematográfica no momento, teremos Inside Out não só uma terceira vez, mas até a Riley morrer.

Ainda assim, este segundo filme demonstrou que a Riley não é só um bonequinho telecomandado pelas suas emoções: também tem os seus quereres e vontades próprias.

Não sei como parar a ansiedade. Talvez seja assim quando se cresce… sente-se menos alegria.

Alegria, em Divertida-mente 2

Divertida-mente é extremamente útil e bem conseguido. Aconselho vivamente! Dica: fica até ao fim, há coisinhas pós créditos! Demora mas vale a pena!

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Marta Ricardo.

Editado por: Joana Matos

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