O que é a Arte?

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A peça, que chama “Arte“, de Yasmin Reza, começa e termina com um quadro em branco, com algumas linhas na horizontal, também elas brancas.

Antes de entrar no teatro devo admitir que estava a espera de ouvir sobre como “qualquer coisa pode ser arte”. Um debate que pouco me interessa, porque, claramente, nem tudo pode ser arte, somente aquilo que nos faz sentir algo …

E nesta peça o que não faltou foi sentimento.

Na realidade, o quadro branco poderia facilmente ser substituído por um espelho, que impõe aos personagens uma pergunta essencial nas relações: “Afinal, após tanto tempo, tantas mudanças, o que é que ainda me liga a você?”. Assunto que é lidado com muito cuidado, maestria e humor.

A peça acontece, na maior parte do tempo, durante uma discussão antes de um jantar que é tão intensa e real como é engraçada, expondo a fragilidade e emoção dos três personagens que não fogem ao conflito:

Sérgio é pretensioso, considera-se um homem conhecedor de arte contemporânea e gasta 120 mil euros em um quadro em branco, o qual diz gostar. Marco é intenso demais e honesto. Não só recusa-se a chamar aquilo de arte como recusa-se a reconhecer como amigo quem não vê o absurdo da situação. Ivo tenta ser o conciliador, mas na realidade, não consegue se posicionar no conflito, algo recorrente em sua vida. É muito fácil identificar-se com pelo menos um dos personagens.

Fonte: ARTE – Teatro Maria Matos

O debate em segundo plano ocorre, buscando definir o limite entre o que é arte moderna e o que é absurdo, demonstrando as diferentes interpretações e perspectivas dos personagens.

No final, a peça tenta nos mostrar, acredito eu, que não é o que está no quadro que transforma algo em arte, e sim como aquilo impacta e transforma os que o veem.

A peça acabou com um aplauso em pé de toda a plateia, então é seguro dizer, vale a pena assistir.

A autora escreve em português do Brasil

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Fonte da imagem de capa: teatromariamatos.pt

Escrito por: Ana Luiza Thiele

Editado por: Margarida Simões

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