Depois do sucesso do musical “Pocahontas”, a ideia era “seguir a nossa missão de trazer ao palco coisas pouco vistas e transformá-las”, conta-nos Gonçalo Santos, diretor e co-fundador da Aura Produções.
A Aura Produções, um projeto criado e potenciado pelo amor ao teatro, estreou-se o ano passado, em setembro, com um Casting para o musical “Pocahontas”. Desde então, têm feito esta paixão crescer, partilhando-a com centenas de pessoas. Trazendo agora, a palco, o musical “O Principezinho”.

(Fonte: Luísa Poço)
Com uma vontade de não fazer algo já visto, e “confrontados com a falta de material para começar a trabalhar”, a ideia de fazer um teatro sobre a obra O Principezinho voltou a surgir. Em grupo, assumiram: “Se é para fazer isto, tem de ser algo completamente diferente. O público não pode estar à espera de nada. Tem de ser uma surpresa total, em todos os aspetos!”. E assim foi.
Em primeiro lugar, trouxeram a música ao vivo de volta à Academia de Santo Amaro. Depois de 30 anos sem tal acontecimento no espaço, foi uma ideia arriscada, mas “só assim faz sentido. Não conseguimos fazer de outra forma. Queremos entregar o melhor ao público e tentar, dentro das nossas possibilidades, trazer algo diferente.”. Mas a música não foi o único risco tomado. A própria reprodução de uma obra tão conhecida e tão reproduzida foi também um desafio.
O bom teatro é feito da superação de desafios, mas com vontade de mudar e criar, nada é impossível. O diretor confessou-nos: “Foi difícil adaptar a história para teatro – ‘vimo-nos gregos’ para começar a escrever. Depois de ler o livro várias vezes, ele começou a fazer-me lembrar uma pequena Revista à Portuguesa, com diferentes quadros e personagens que entram e saem, e vários ciclos que se vão fechando ao longo da história, tal como num “quadro de rua”.” Mais uma vez inovando, decidiram
“Transformar completamente as personagens, criar uma nova dinâmica, mas sem nunca perder a essência poética desta história intemporal.”.
E o produto final é o resultado de todo este trabalho, de todos os desafios ultrapassados e, principalmente, de todo o amor envolvido.
Rui Reis, ator e coreógrafo da peça, sentiu este amor, dizendo: “Trouxe-me principalmente a possibilidade de me soltar.”, respondendo à pergunta “O que te trouxe este espetáculo?”. A verdade é que o musical é sobre isto mesmo, sobre uma libertação de espírito, sobre a capacidade de enfrentar desafios de frente e de voltar a sonhar, por amor. O ator comunicou-nos ainda algo que suporta tudo isto e que demonstra que este sonho e este amor transcende dos atores e produção diretamente para o público – “Sinto que os adultos e as crianças captam (o espetáculo) de forma diferente. Além da história ser ‘infantil’, acho que toca muito mais aos adultos porque se calhar eles próprios também sentem falta da sua criança.”.

(Fonte: Luísa Poço)
O musical “O Principezinho” está em palco desde dia 20 de outubro, com apresentações todos os sábados e domingos, até dia 28 de dezembro. A equipa de sonho, potenciada pela vontade de fazer mais e melhor, pelo teatro, conta com banda sonora de Pedro Duarte, cenografia de Diogo Carias, coreografia de Rui Reis e direção de atores de Afonso Ambrósio e um elenco composto por Afonso Ambrósio, Lua Gil, Maria Almeida, Rafael Brilha e Rui Reis. A companhia conta ainda com Teresa Balbi, de 80 anos, responsável pelo guarda-roupa, que evidencia o amor e dedicação que esta companhia possui.
“A AURA nasceu para dar oportunidades a jovens artistas, e aqui estamos, a dar o nosso melhor para que isso aconteça, sempre. O teatro é, realmente, feito de pessoas. Somos gratos. Muito gratos. Não fazemos por nós, fazemos pelo teatro, sempre. Por esse bem maior que está acima de todos nós. A AURA é feita de pessoas, e continuará sempre viva dentro de cada uma delas.”, diz-nos o diretor, Gonçalo Santos, cheio de orgulho.
“Um espetáculo “para a família”, com uma linguagem complexa, com graça, digna de um público mais adulto, mas que, ainda assim, as crianças consigam compreender e adorar.”, pelo que convidamos todos os nossos leitores a irem conhecer a peça, e a permitirem-se sonhar, acreditar e amar.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Fonte da Imagem de capa: Aura Produções
Escrito por: Luísa Poço
Editado por: Maria Francisca Salgueiro


Deixe um comentário