Zootrópolis 2 mostra como um filme infantil pode ter uma vertente pedagógica e criticar a sociedade vigente.
O filme Zootrópolis 2, apesar de muito aguardado pelo público infantil, deverá agradar aos espectadores adultos. Estes poderão compreender melhor a complexidade da sua mensagem, de modo a refletir acerca da sociedade onde vivemos.
De modo a interpretar a integridade deste artigo, convido os leitores a abordarem o tópico como adultos, deixando para trás os preconceitos criados acerca de filmes infantis.
Confesso que, quando me lançaram o desafio de ir à antestreia deste filme, esperava tudo menos uma veemente crítica à situação geopolítica onde a nossa sociedade se insere. Cores vibrantes, personagens apelativas e simplicidade no humor eram o esperado, porém, estes não traduzem, unicamente, a riqueza da obra.
Na cidade de Zootrópolis, pressupõem-se que todos os animais, independentemente da espécie, vivem de forma igualitária. A marginalização e exclusão dos répteis é a ponta solta de uma sociedade aparentemente perfeita. Esta realidade está tão esquecida na cabeça dos outros animais que, praticamente, não tem existência real.
Olhando para a sociedade Ocidental, gostamos de imaginar que todos, apesar das suas diferenças, têm um lugar nela, sentindo-se bem e em casa. Todavia, quantas vezes não discriminamos quem é diferente de nós em cor, cidadania, etnia ou orientação sexual? Quantas vezes não o fazemos apenas porque estes comportamentos já estão enraizados no nosso status quo?
Neste filme, conseguimos, também, entender o quão acrítica é a sociedade. Tal como em Zootrópolis 2, onde os animais confiaram nos linces (espécie que representava poder e riqueza), também nós acreditamos em outros que vemos como “superiores”, para defender os nossos interesses. Deixamos-nos levar pelos média, que contam mentiras cujas verdades estão diante de nós, pois todos temos uma cegueira crédula perante figuras de autoridade.
Em suma, o filme Zootrópolis 2 leva-nos a refletir acerca do tipo de sociedade na qual queremos viver. Este filme deixa de ser virado para o público infantil, quando nos faz refletir acerca da complexidade da sociedade e da parcialidade da visão do ser humano.
De modo a finalizar, gostaria, apenas, de convidar o leitor, não a confiar nas minhas palavras, mas sim a ir ao cinema e a tirar as suas próprias conclusões.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representa as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Fonte da capa: Cartaz de Zootrópolis 2 ( Rádio Comercial)
Escrito por: Francisca Costa
Editado por: Cristina Barradas


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