Afonso Rodrigues usa tom intimista na Casa Capitão para expandir música portuguesa

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Cantor português inova em espetáculo justamente por voltar às raízes da língua materna após ser conhecido por papel em Sean Riley & The Slowriders e em Keep Razors Sharp.

Pouca iluminação, flores brancas pelo palco e o violão como principal instrumento. Além, é claro, da voz de Afonso Rodrigues. Esse foi o tom intimista que predominou no espetáculo de outubro do músico português, na Casa Capitão, espaço de programação cultural que busca movimentar o Beato Innovation District, em Lisboa, mesmo que a inovação venha do retorno às raízes, neste caso, marcado pela volta do músico às canções em português.

A apresentação contou, principalmente, com as músicas de “Areia Branca”, disco em que o autor aventurou-se pela composição portuguesa após o tempo de confinamento da pandemia. Foi a necessidade de ficar em Portugal que despertou a necessidade de sair da zona de conforto da escrita em inglês, mas, foi uma viagem para a África, em 2022, que selou este compromisso.

E não poderia fazer mais sentido do que apresentar essas músicas na Casa Capitão, ao lado de grandes músicos de Portugal, já que o espaço busca resgatar a cultura em um dos bairros mais tradicionais de Lisboa. Além disso, Afonso Rodrigues não teve medo de usar todas as referências do fado e da MPB, apresentadas pelo próprio pai durante a sua vida.

O show do álbum que mistura auto-descoberta e nostalgia foi apresentado com uma plateia que movimentou a noite fria de véspera de Halloween. Entre muitos fãs de Afonso, de longa data, também houve quem estivesse ouvindo o cantor pela primeira vez e também descobrindo a si mesmo como um fã ou apreciador da música dele.

Participações especiais também resgataram o amor à música portuguesa (e aos que acompanham na trajetória)

Durante o espetáculo, Afonso Rodrigues não ficou sozinho no palco. A companhia do violão, sempre presente, também deu espaço para participações especiais que comprovam a necessidade do músico em resgatar a admiração pela música portuguesa. Ou ainda, de reafirmar a importância daqueles que o acompanham neste trajetória.

Benjamim, uma das maiores inspirações de Afonso para a escrita em português; Catarina Salina, que divide a edição do single “Um amor qualquer”; e Valter Lobo, mais uma admiração do músico, foram os convidados oficiais do espetáculo. Juntos compartilharam apresentações de deixar a plateia emocionada, é claro, mas também de fazer com que todos se sentissem também parte da história dos músicos.

Outro momento marcante foi a participação da família dos músicos, por meio dos filhos, que protagonizaram um dos marcos da apresentação. Ao admirar as novíssimas gerações, o sentimento que fica é que a música portuguesa pode e muito perdurar no futuro.

A autora escreve em português do Brasil. 

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Imagem da capa: Reprodução / Instagram

Escrito por: Carolina Marasco

Editado por: Rodrigo Caeiro

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