O desacordo teve a oportunidade de entrevistar Luís Leal, gestor do Lisboa Games Week, sobre a 10ª edição do evento, que vai ter lugar na Feira Internacional de Lisboa (FIL) entre os dias 20 e 23 de novembro. É o décimo ano consecutivo que o evento se realiza, o que é um marco “muito especial” para a marca.

Fonte: LGW/FIL
Quais são as grandes novidades para o evento deste ano?
Este ano a Nintendo volta aqui ao Lisboa Games Week, com uma área superior a 400m², repleta de postos de jogo e das suas principais novidades. Eu já tive a oportunidade de ver, obviamente, o objeto do stand deles e acho que para o público vai ser uma grande surpresa. A Nintendo vai estar logo na entrada do evento. Aqui, ainda associada à Nintendo, há uma grande novidade, que é a história exclusiva em Portugal do Metroid Prime 4.
Também vamos ter uma área de sim racing completamente renovada. A área de sim racing vai ter o patrocínio da Alfa Romeo, onde também vão apresentar um modelo exclusivo, que foi lançado agora há pouquíssimo tempo. Esta área é muito importante, porque é um conteúdo que é em simulador, onde as pessoas podem sentir a adrenalina e a experiência daquilo que é estar numa pista em alta velocidade.
Temos também o regresso do Robot Xtreme Competition, um conteúdo que já não vinha desde 2019. Além das pessoas poderem aprender e ter formações para fazer robôs, depois podem colocar esses mesmos robôs numa mega arena de acrílico onde vão lutar pela sua vida, ou seja, o objetivo é que cada robô destrua o outro.
A Lenovo volta também ao Lisboa Games Week e este ano assume o papel de Tech Partner. Vão ter um mega stand, também não vou aqui revelar muito mais do que isso, onde vão ter postos de jogo. A Lenovo vai ser, sem dúvida, uma grande surpresa para os visitantes quando visitarem o espaço.
Quem também vai marcar presença é a Rádio Popular, que este ano aumenta bastante aquilo que é a sua área de exposição e, consequentemente, também o número de postos de jogo, desafios, prémios, tudo aquilo que já tem sido habitual na presença da Rádio Popular nas últimas edições, mas com um foco ainda maior naquilo que é a experiência do visitante.
O palco também é sempre um ponto alto do evento, vamos ter lá as finais da Women Retake temporada 11, que é uma final europeia, também era um conteúdo que nós queríamos muito elevar para uma componente internacional, pois temos sempre aqui as finais nacionais da Women Retake. Também vai haver uma final de NBA 2K, que é Portugal versus Turquia.
Além da Alfa Romeo, vamos ter mais uma marca automóvel que é a Mini. Quem já tiver mais de 18 anos e carta pode, durante o Lisboa Games Week, fazer um test drive com um Mini.

Fonte: LGW/FIL
Quantas pessoas é que estão envolvidas na organização do Lisboa Games Week e quanto tempo é que costuma demorar a preparar tudo?
O Lisboa Games Week é um evento que faz parte da FIL, da Fundação AIP e, como devem imaginar, nós somos mesmo muitos. No caso do Lisboa Games Week, só internamente na nossa organização, são certamente mais de 150-180 pessoas envolvidas, no total. Se estivermos a falar do projeto em si, da parte da gestão do evento, estamos a falar, se calhar, de 6 pessoas mais ou menos, porque são os coordenadores, é a nossa coordenadora, sou eu, são os gestores comerciais, a equipa de marketing.
O evento nunca acaba, por assim dizer: quando o evento termina para o público, para nós ainda não terminou, porque depois ainda há um trabalho de análise, de reflexão a ser feita, por isso poderia dizer que o evento nunca acaba. Agora, se estivermos a olhar para um full time das 9 às 18, onde só pensamos “Lisboa Games Week”, seguramente são entre 7 a 8 meses.
Quais são as tendências do universo dos videojogos que o evento procurou trazer este ano?
Procurámos, lá está, ir buscar a realidade virtual e a simulação. A realidade virtual porquê? Por exemplo, nós temos um conteúdo de realidade virtual, em parceria com a Assembly, onde temos uma mega black box de 108 metros quadrados, ou seja, um cubo completamente escuro, não se vê nada lá dentro, e onde temos dezenas de equipamentos de realidade virtual. A realidade virtual tem ganho cada vez mais terreno naquilo que é até a própria forma de se jogar. Um videojogo tenta ser mais imersivo, tenta que a pessoa tenha uma experiência a 360, mas, ao mesmo tempo, temos aqui esta questão da simulação, que para nós era muito importante, e como eu já referi com a questão do sim racing. O que nós queremos é ter conteúdos que consigam enriquecer a experiência do visitante, e são estes que, digamos assim, são muito imersivos, que conseguem cumprir esse propósito.
As tendências deste universo são, acima de tudo, a questão da experiência, a questão de conteúdos que sejam imersivos, da pessoa pensar “eu estou agora sentado a jogar um jogo, eu consigo desligar-me do meu mundo e estou numa outra dimensão”.
Isto são vários exemplos de um universo tão grande daquilo que podem ser as tendências deste universo, e não podemos ignorar, hoje em dia, com a inteligência artificial, tudo aquilo que são as tendências estão a mudar a um ritmo vertiginoso.
Qual é o impacto que o evento tem para a economia local e para a indústria portuguesa dos videojogos?
Sem dúvida que o Lisboa Games Week é um motor cultural significativo para Lisboa naquilo que diz respeito aos videojogos. Somos um evento “mainstream” e temos uma comunidade em Portugal muito forte, com muita qualidade, com um impacto internacional muito interessante, até associado à startup Lisboa, associado à Unicorn Factory. Temos, neste momento, no Saldanha, um gaming hub, por isso, tudo aquilo que é parte indie e o desenvolvimento de jogos em Portugal, acho que estamos muito bem, estamos a fazer aqui um caminho muito interessante, e estas entidades e a criação destes espaços e destes conceitos são a prova viva disso.
Agora, ainda não acho que o evento seja relevante, por exemplo, a nível económico. Obviamente havemos de ter um impacto naquilo que é a questão da economia local aqui na Junta de Freguesia do Parque das Nações, disso eu não tenho dúvidas e havemos de ter um impacto económico naquilo que são, se calhar, as deslocações dos nossos visitantes, quer de metro, quer de autocarro, quer de comboio. Agora, nós se calhar teríamos de, e poderá fazer sentido, encomendar um estudo à Pitagórica para nos dizer e conseguirmos medir exatamente aqui a nossa questão de que impacto económico é que temos.
Para a indústria portuguesa dos videojogos, acho que só o facto de haver um evento em Portugal que, assim que acaba são anunciadas as datas do seguinte, é extremamente positivo, revela que estamos atentos ao mercado e que, acima de tudo, nós enquanto empresa, enquanto Feira Internacional de Lisboa, estamos a olhar para isto de uma forma séria e é o nosso caminho e o nosso dever continuar a apostar neste tipo de eventos. Novamente, somos um evento mais mainstream, onde o que nós queremos é que venham escolas, famílias, visitantes, público em geral, mas depois conseguimos ter esses conteúdos mais específicos dedicados aos criadores de videojogos e este ano no nosso palco das “Talks” o que não vão faltar são conteúdos vocacionados para isso.
Que figuras do mundo do gaming nacional (gamers, streamers, produtores de conteúdo para as redes sociais) vão, eventualmente, marcar presença nas palestras que vão ocorrer?
Nós, como um evento de referência a nível nacional, e com um impacto muito grande na comunidade, também temos como intenção promover aqueles que estão agora a começar. Por isso, temos aqui um desafio para criadores de conteúdos mais “amadores” ou que se queiram associar ao evento e que estão agora a começar. Para nós é muito interessante, porque depois é vê-los a crescer de ano para ano naquilo que é o seu gosto por criação de conteúdos, na questão do streaming e a sua presença na Twitch. (…)
Vamos ter no show o Diogo Morgado, o Carlos Félix, o Filipe Homem Fonseca, assim como o Movemind e o Fox, entre outros, para que eles possam estar com a comunidade. Este ano vamos também ter um concerto da Mariana, que é uma aposta da TVI. Ela participou em alguns projetos da estação e também está integrada num projeto que é o “Cantar Morangos”, e lá está, trazemos isto porque a TVI é o nosso media partner, mas também trazemos este conteúdo porque sabemos que certamente pode agradar a este público e a este target. Sabemos que não é um conteúdo para todos, mas sabemos que, mais importante para nós enquanto equipa, enquanto estamos aqui a fazer a gestão do evento, é que tenhamos conteúdos diversificados e que consigam abranger grande parte das pessoas. Temos também uma comunidade enorme de arte, onde fazem as suas próprias coisas e vêm aqui vender aos nossos visitantes. Ou seja, temos uma panóplia de conteúdos que eu acho que é muito interessante, sem dúvida.
Como já tinha sido mencionado, as escolas costumam ir ao evento e este tem espaços dedicados às escolas, cursos, faculdades, etc. Como é que esta relação com as escolas surgiu e o que é que esperam este ano?
O nosso papel enquanto promotores de ações de escolas, de serviço educativo, etc, é mostrar e desmistificar que este universo vai muito para além dos estereótipos criados. Então, ao longo do tempo, conseguimos criar aqui um leque de formações onde se podem inscrever (normalmente quem faz isto é o professor que está a organizar a visita de estudo) e que depois podem desfrutar do evento. Obviamente que isto é só para quem tem interesse nestas áreas, porque pode ser muitas vezes o primeiro contacto com esta realidade.
Nesta questão, a nossa vontade é que quem nos visita possa perceber que, além de
gostar muito de jogar e destes conteúdos, pode fazer uma vida e um caminho de formação nesta área. Ao mesmo tempo, queremos também “educar” os professores para mostrar que eles próprios podem veicular matéria e ações de formação de uma forma diferente aos alunos e, se calhar, captar mais a sua atenção e também daí depois terem, talvez, outro tipo de resultados. Acima de tudo isto, queremos que todos os nossos visitantes, quer sejam de Lisboa, Bragança ou Faro, possam ter acesso àquilo que é um videojogo, possam passar um bom momento com os amigos, a jogar, a divertirem-se. Ao longo destes 10 anos, as universidades e as entidades de ensino começaram a perceber que, além das formações, era interessante estarem presentes com a sua oferta formativa nestas áreas.
Nós este ano vamos ter a Universidade de Lisboa, que vem com cinco escolas, vamos ter o ISEL, a Universidade Lusíada, a Universidade de Aveiro, o Politécnico de Portalegre, o Politécnico do Cávado e do Ave, o Politécnico de Leiria (que tem uma licenciatura focada em videojogos) e ainda me estão aqui a faltar alguns. E também queremos acreditar que nós, enquanto evento, temos um papel nesse crescimento, porque temos desmistificado muita coisa.
Queria propor-lhe um “desafio”: tentar imaginar o Lisboa Games Week daqui a 5 anos.
É um exercício que é um bocadinho complicado, mas eu acho que daqui a 5 anos o evento vai estar mais interativo, acho que vai ser um evento mais híbrido, mais global, ou seja, acho que a nossa componente internacional vai continuar a crescer.
Há aqui um dado também muito interessante: nós no ano passado já tivemos mais de 100 alunos que nos visitaram de Espanha. Ou seja, Espanha já olha para o Lisboa Games Week e faz aqui uma visita.
Também temos a questão da integração da Inteligência Artificial aqui a um ritmo frenético naquilo que são os videojogos e na maneira como se está a viver o gaming, até de uma forma menos positiva, neste caso, para os desenvolvedores, pois estão a eliminar-se ou a transformar-se muitos postos de trabalho. Sem dúvida o Lisboa Games Week daqui a 5 anos vai ter que ser mais interativo, mais híbrido, mais global e acho que vamos estar cada vez mais ligados ao online.
Nós queremos muito que as pessoas olhem para nós e sintam que somos, cada vez mais, o evento das comunidades. Muitas vezes há aqui algumas rivalidades entre “este ano tem mais jogos”, “este ano tem mais aquele conteúdo”, e a nossa ambição é tornar o evento inclusivo, onde todas as comunidades têm lugar e, novamente, é um momento de celebração por ano, quer da indústria dos videojogos, quer da cultura pop, do cosplay, dos eSports, é um momento no ano para celebrar todas estas vertentes que o evento tem. Daqui a 5 anos só podemos esperar que isto tudo cresça ainda mais.
Que mensagem é que gostaria de deixar aos entusiastas do gaming e que vão ao evento, ou que vão acompanhar o evento?
O nosso objetivo é fazer do Lisboa Games Week o teu evento. Ou seja, é o teu evento, quer venham pela diversão, pela competição, pela curiosidade, que se calhar um pai ou uma mãe até vem acompanhar o filho, mas sem dúvida que vão encontrar lugar aqui. Por isso, eu acho que, para os nossos visitantes, o Lisboa Games Week é feito por eles. E aqui cabem todos com a mesma paixão, quer seja pelo gaming, pelo cosplay.
No fundo, o Lisboa Games Week é feito para os visitantes e pelos visitantes.

Fonte: LGW/FIL
Se estiveres interessado e quiseres saber mais informações acerca do Lisboa Games Week, consulta o site oficial https://lisboagamesweek.pt/ ou a página de Instagram do evento: @lisboagamesweek.
Fonte da imagem da capa: LGW/FIL
Escrito por: Íngride Pais
Editado por: Rita Luís


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