Nem todas as feridas pedem pressa. Algumas pedem silêncio, solitude e coragem para conseguirmos recomeçar.
Quando uma amizade ou relação termina, o mundo parece exigir que ultrapassemos essa perda depressa, como se perder tempo com sentimentos e memórias fosse um erro gravíssimo.
No entanto, a realidade é que ultrapassar algo não se resume unicamente a ter a mentalidade do “aguenta e segue em frente”. Aliás, 90% do tempo resume-se a aceitarmos que vai demorar algum tempo até estarmos realmente bem, e que o caminho até lá irá ser atribulado e imperfeito.
Nesse percurso, haverá muitas ocasiões em que nos sentiremos encurralados pela tristeza, raiva, frustração, e até arrependimento por a situação ter acabado da forma que acabou. Mas, mesmo assim, existirão dias em que florescemos um pouquinho mais, mesmo não reparando, e são esses dias que nos dão motivação para continuar a tentar.
Honestamente, o que é mais difícil de enfrentar não é a mágoa, mas sim aquelas alturas em que não estás nem triste, nem feliz; apenas estás sem distrações, e és obrigado a conviver com essa solidão. Sim, vai parecer que o mundo lá fora continua a movimentar-se como normal, a esquecer-se de ti, e isso é algo que pode parecer assombrante. Todavia, com toda a sinceridade do mundo, a única coisa que podemos (e devemos) fazer nesses momentos é agradecer: agradecer por termos a oportunidade de explorar essa “paz” que existe na nossa companhia para nos confortar, e tentar desvendá-la, mesmo que seja assustador.

Sinto que também é importante lembrar que haverá um momento em que parece que já estás bem com a perda, e que nada te pode abalar, mas, subitamente, a situação entranha-se em ti pela décima vez. E está tudo bem. Recaídas não significam que falhaste em algo, ou que os teus “dias bons” foram insignificantes, mas sim que ganhaste mais força e que estás ciente dos teus sentimentos, o que é um passo gigante para a mudança.
Por último, quero lembrar os leitores que progresso não é sinónimo de perfeição, mas sim de agir dentro no nosso próprio tempo, sem nos submetermos à pressa de um coração que ainda está a aprender como recomeçar.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Luana Tomé
Editado por: Rita Luís


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