Objeto? Quase. Uma banda? Totalmente!

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“Zé, ’tás aí?” Acorda! O indie rock português está mais vivo que nunca! Os donos deste refrão são Objeto Quase, uma banda que nasceu em pleno Covid-19. O Jornal desacordo esteve à conversa com alguns dos membros.

A música mencionada acima chama-se “O Gajo do Costume” e é uma das cinco faixas do EP “Falsa Partida”, o trabalho mais recente da banda. O nome é referência ao facto de muitas vezes sermos precipitados por acharmos que as coisas podiam ser feitas antes do seu próprio tempo. É também uma alusão ao percurso da banda que começou com dois diferentes integrantes e só em 2023 é que começou a dar frutos.

A banda, composta pelo Duarte (guitarra), o Gonçalo (baixo), o João (bateria), o Miguel (voz) e o Rodrigo (outra guitarra). conheceu-se na internet: “Somos claramente uma banda do século XXI”, afirma João. Para além disso, existem também aquelas coincidências de o colega de quarto de um trabalhar no mesmo sítio que o outro e um ser primo da namorada do outro. Será que estava destinado?

De onde vem este nome?

Gonçalo: O João é que surgiu com o nome.

Miguel: Calha bem que estamos a fazer entrevista na biblioteca!

João: Sim, estamos a fazer na biblioteca e o nome veio de um livro. De José Saramargo, de uma coletânea de contos. O nome é exatamente o mesmo: Objeto Quase. E eu já tinha lido há muito tempo, ainda era um secundário, acho eu, mas o nome ficou. E quando andávamos a pensar em nomes, por acaso… Não sei como lembrei-me disso, mas pus para lá.

É mesmo verdade! Objeto Quase, uma obra de José Saramago (Fonte: Fundação José Saramago)

Qual o vosso maior desafio como banda emergente?

Miguel: O desafio é que é difícil para uma banda que não tem contactos com a música. Eu aprendi música sozinho, mas não tenho ninguém que conheça na minha família que toque em bandas, suponho que eles também não. E para uma banda nova… E basicamente nós somos só em português, portanto o nosso público é maioritariamente português. É difícil começarmos a ganhar público.

João: Acho que há dois desafios. O que o Miguel disse, mais de… exposição. Estamos a começar, não estamos no meio, de todo, nenhum de nós estava no meio. E também o rock claramente não é o estilo de música mais ouvido nesta altura. Temos um público mais pequeno, que eventualmente podemos alcançar. E depois acho que o outro desafio, pelo menos que acho que temos sentido, é também a dificuldade de gerir a nossa obra. Porque somos só nós os cinco, portanto é tudo entre nós.

O primeiro concerto da banda foi no ContrabandIST, uma batalha entre quatro bandas, no Instituto Superior Técnico, em 2023. No ano seguinte, fizeram parte de outra batalha de bandas, a Oeiras Band Session, que lhes garantiu uma atuação no Nos Alive.

Preferem o palco ou o estúdio?

Miguel: Eu acho que neste momento os concertos são os que eu gosto mais. Porque nós já conhecemos as músicas há tanto tempo. Portanto, os ensaios tornam-se uma coisa um bocado mais solitários. Nos concertos há sempre a energia do público. E são sempre fatores que melhoram a música em si.

Gonçalo: Para mim, os ensaios, estar a criar coisas novas é das coisas que eu mais gosto. Mas como neste momento temos tido concertos, não temos tempo [para estar no estúdio].

João: Pois, tem sido difícil conseguir preparar concertos e escrever música nova.
Portanto, estamos agora numa fase em que estamos a querer começar a trabalhar em música nova. Eu, para mim, não sei, gosto muito das duas partes. Acho que talvez um bocadinho mais de tocar ao vivo, mas a parte de escrever música também gosto muito. Por exemplo, o Rodrigo gosta mais da parte de escrever. O Duarte, não sei,… Mas acho que nos equilibramos bem e acho que toda a gente gosta bastante das duas coisas.

Gostavam de um dia poder estar na música a tempo inteiro ou gostam de que seja só um hobbie?

João: É um objetivo, pelo menos para mim. Um objetivo um bocado ambicioso. Talvez daqui dos cinco eu seja o que nesta altura dedica mais tempo à música, além dos Objeto Quase. Mas mesmo assim é muito difícil. conseguir que isto seja a única ocupação. Mas quem sabe? Vamos ver. Não sei até onde é que isto vai.

Gonçalo: Não, mas para mim nunca foi necessariamente um objetivo. Ter essa hipótese era bom, mas por outro lado… Também acaba por ser um bocadinho libertador sentir que não tens de fazer isso enquanto obrigação profissional. Ser uma coisa que fazes apenas por prazer. 

João: Há muitas bandas… Por exemplo, os Linda Martini, que eu adoro e se calhar são assim das bandas mais dentro do nosso género que mais visibilidade conseguiram ter… Muitos têm outras ocupações. Outros é só a música. Portanto, não tem de ser a mesma coisa para todos.

Depois de um verão com uma mão cheia de concertos, a banda encontra-se agora “a hibernar” e a preparar novas músicas. Até lá, vamos ouvindo as restantes canções. Deve estar quas a sair alguma coisa (haha).

Fotografia de capa por Objeto Quase.

Escrito por: Marta Ricardo.

Editado por: José Pereira.

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