Neste mês de agosto estreou o filme “Um dia ainda mais doido”, para acrescentar ao “Um dia de doidos”, lançado em 2003 pela Disney. O que muda? Apenas a idade das protagonistas: continuam a ser mãe e filha, continuam a ter um dia doido, mas a idade trouxe filhos e netos à equação. O Jornal desacordo esteve presente na antestreia.
Não sou a maior fã de sequelas. Na maioria das vezes, os filmes com sequelas só pensam em lucro e não em qualidade. Aqui sinto que não é descabido uma segunda parte: as protagonistas estão mais velhas, há novas personagens, há coisas novas que dão valor à narrativa.
E os tempos são outros! Em 2003, não havia podcasts (somente no ano seguinte é que se oficializou o termo) nem Instagram Stories (este só surgiram em agosto de 2016), duas coisas muito presentes na vida das protagonistas, e nas nossas também. Tess, a mãe, agora avó, tem um podcast. Anna, agora mãe e não somente filha, partilha frequente a sua vida nas redes sociais, uma prática comum dos que, assim como ela, são cantores, compositores e produtores de música.
Na verdade, não precisamos de estar na música para partilhar fotografias no Instagram. “Vi na tua storie que te deitaste tarde.” é uma frase que surge no filme mas que eu, tu e mais meio mundo aplica no quotidiano, seja para que situação for. Vi no teu storie que foste àquele sítio, que estiveste com aquela pessoa, que partilhaste esta posição política. É assustador pensar que basta dar uns quantos cliques no telemóvel para sabermos o que é que o nosso colega da faculdade com quem falámos uma vez está a fazer. Se for alguém que conhecermos bem, só por juntar algumas informações que já sabemos sobre a pessoa, conseguimos saber tudo o que pode ter sucedido naquele dia. Dando um exemplo, se publicar uma foto num carro específico e os meus amigos souberem que há apenas um amigo meu que tem um carro específico, o que para uns é “olha, bonito, sim senhor”, para os mais próximos é “Oh my god, nem acredito que voltaste a estar com o Manuel”. Que stalker!
A história retrata o drama geracional familiar que deve representar metade, ou mais, da nossa geração. Neste caso, é a “mãe galinha”, que quer sempre estar lá, mas só atrapalha. Outra experiência comum, aqui muito bem representada. São três gerações, a avó, a mãe e a filha, que só ao se colocarem, literalmente, nas peles umas das outras é que puderam perceber o que cada uma, de facto, sente, e passa.
Voltando ao filme, não cheguei a perceber se a adoção de expressões “cool” como slay e demais frases da nossa geração foram uma crítica social ou foram mesmo uma tentativa (falhada) de ser “cool”. But we vibin’!
Passando a outros pormenores mais técnicos que só os totós do cinema reparam: bem, mas que perfeito trabalho sonoro e visual! As músicas acompanham a narrativa na perfeição, de mãos dadas com alguns congelamentos aqui, slow motions ali. Além disso, queria agradecer a quem teve a ideia de colocar os bastidores antes dos créditos, e não depois. Poupou eventuais desilusões pós-créditos.
Na matéria de acontecimentos secundários, não queria deixar de mencionar a relação da avó com o ex-namorado jeitoso da Anna… ai ai… que não gostava de ter uma Tess nas suas vidas não é? Se ela quisesse ser minha avó, eu aceitava sem pensar duas vezes.
Se ficaste com curiosidade, é ir ao cinema ver o filme! Fica a saber salas e horários aqui.
Fotografia de capa via Brieftwice.
Escrito por: Marta Ricardo
Editado por: José Pereira


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