Krazye Loko é rapper desde “chavaleque”, como afirma o próprio. Sem papas na língua ou falinhas mansas, tem nos seus trabalhos a autenticidade, mensagens fortes e um bocadinho da sua rebeldia de adolescente. Já neste mês de setembro, o setubalense traz o “Brilho”, o seu novo disco, a todas as plataformas digitais.
A carreira do artista começou, como o próprio conta, aos 13/14 anos, “quando era um chavaleque”. No entanto, o seu lançamento foi através de um concurso:
Apareceu um concurso que era o Bocage Rap 2005. Isso foi um ano depois de eu começar a cantar. Aquilo consistia em fazermos uma letra a falar do Bocage, mas em rap. Aquilo foi mesmo o meu início. E aí eu ganhei o primeiro prémio: dinheiro e gravar um álbum em estúdio, uma maquetezinha, uma sete faixas.
Ainda te recordas do teu primeiro concerto?
O meu primeiro concerto foi na Feira de Santiago [Setúbal] em 2006. Foi brutal. Estava cheio. Na Feira … não estão lá só para te ver, andam ali à volta, vêm um concerto e agrupam ali. Foi o meu primeiro concerto, carregado de pessoal. E eu ali bem nervoso. Mas foi uma grande sensação!
De onnde é que vem este nome? Consideras-te uma pessoa assim… louca?
Já fui mais. Agora com a idade a gente começa a alterar a forma de ver as coisas também. Antigamente era. Daí o Krazye Loko. Louco duas vezes, estás a ver? Extra louco. É mais ou menos assim.
E como é que passas essa loucura para as tuas músicas?
Podes reparar o meu trabalho mais antigo, é uma cena mais… Estás a ver aquela fase da adolescência que tu estás mais louco, estás a ver? És muito revoltado, ainda não tens aquela tua liberdade própria para fazer as tuas cenas, não és autónomo. O facto de seres dependente dos pais e proibirem-te de fazer certas cenas. É aquela tua fase mais rebelde. Parece que o fruto proibido é o mais apetecido. Quanto mais te dizem “não faças isso“, é quando tens ali aquela brechazinha, tu escapas para ali, para experimentar. Eu atualmente já não sou tão revoltado assim.
Se tu fores ver este último álbum [Viagem] comparado como primeiro [Street Tape], vais perceber que este álbum é… uma superação da vida, estás a ver? Outro patamar. Para mim, como pessoa, o melhor patamar de vida. Uma maneira de ver as coisas de frente. Uma forma de procurar seguir o nosso sonho, conquistar aquilo que queremos. [De pensar] “Não sejas tão revoltado com os outros, porque os outros não têm culpa da tua caminhada”. É uma fase mais adulta. Também mais reflexiva. É aquela fase que nem tudo é assim tão mal. Que tu, com força de vontade, consegues atingir sempre qualquer coisa.
Tens uma canção, que é o “Cansado”, que dá a sensação que já passaste por muita coisa. Sentes que a música acaba por ser aqui uma espécie de remédio para os teus problemas?
Sim, a música é o meu diário. A música é qualquer sentimento que eu tenha, mesmo que não tenha sido algo comigo. Dizem às vezes que não é real, porque estou a contar algo que não foi comigo, mas tu podes sentir a dor do próximo e não passar por isso.
É aquela fase da adolescência em que tu começas a sair de casa, tudo é novidade. Tu sais de uma coisa doméstica, para conheceres o mundo. Aquela fase que tu tens muitas amizades, aquela fase da escola. É muito mais fácil de te interiorizares no grupo do que depois, quando és mais adulto. E é aquela fase em que tu não pensas tanto em problemas. O “Cansado” já é aquela fase em que já perdeste uns quantos amigos pelo caminho, já viste que a vida não é assim tão glamorosa como aparenta ser ou como tu pensavas que era. E já reparaste que, se calhar, alguns sonhos, para concretizar, já não é assim tão fácil como tu pensavas que era também. Cansado de tudo o que a vida me fez de mal até ao momento.
Para o futuro, coisas boas estarão para vir: Krazye Loko vai trazer o “Brilho”. Este seu próximo trabalho será lançado a 12 de setembro nas plataformas digitais. “É como um hino para aqueles que lutam diariamente para alcançar os seus objetivos e mostrar o seu valor”, explica.
Fotografia de capa de Krazye Loko.
Escrito por: Marta Ricardo.
Editado por: José Pereira.


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