“Tenho de fazer, mas não consigo.” “Quero ir ao ginásio, mas vou fazer tudo mal.” “Quero conduzir, mas não sou capaz.”
São estes alguns dos pensamentos que moldam a nossa forma de agir, que nos aprisionam e impedem-nos de avançar, levando-nos a cair num ciclo de frustração alimentado por um sentimento de culpa.
O que nos impede de fazer o que gostamos?
O medo de falhar, ser julgado e rejeitado, é um processo emocional natural, decorrente da relação entre as exigências que uma tarefa requer e a preocupação da avaliação do outro sobre nós, ou da nossa própria avaliação. Assim, causando ansiedade, stress, autossabotagem, procrastinação e culpa.
Neste sentido, a tendência é fugir à dor emocional que podemos sentir. Essa fuga surge sob forma de sobrecarga ou evitando o desconhecido. A sobrecarga expressa-se num modo piloto, no qual utilizamos estratégias compensatórias, que nos afastam do medo de falhar. O evitar o desconhecido faz-nos fugir do estímulo que nos causa medo, através de desculpas que tentam justificar a procrastinação.
Mas, porque temos tanto medo de falhar?
Existem, certamente variadas razões. No entanto, podemos identificar o medo de ser julgado como o centro deste “monstro”. Aristóteles explica o cerne desta questão. Segundo o mesmo, o ser humano é um ser político, um ser que pertence à “polis” e que por isso necessita de estar inserido numa sociedade. Assim sendo, vivemos em função das normas sociais, o que nos leva inconscientemente, a evitar tudo o que nos possa desviar da sociedade. Não bastando sermos julgados por outros, dentro de cada um de nós existe um crítico muito rigoroso, uma espécie de sombra, que nos alimenta a falta de confiança e aumenta o nosso receio.
Como combater este medo?
O medo é um obstáculo ao desenvolvimento pessoal e profissional e, por isso, tem de ser combatido. O pensamento de Carl Jung é um guia para ultrapassar o nosso crítico interior. “Enquanto não tornares consciente o inconsciente, ele vai conduzir a tua vida e chamar-lhe-ás destino” (Carl Jung). Assim, Jung acredita que necessitamos de recuperar o controle das nossas vidas, para que seja possível o nosso desenvolvimento. Por isso, precisamos de enfrentar esse medo, de compreendê-lo e reconhecê-lo, já que este é o sinal de que estamos a evoluir, “onde está o medo, lá está sua tarefa” (Carl Jung). Depois desta compreensão, gradualmente expormo-nos à situação que nos causa desconforto. Por fim, é de grande importância que desenvolvamos o autoconhecimento, seja através de um acompanhamento profissional, seja com atividades a solo. Tudo isto, são mecanismos que nos permitem sentir livres e confiantes.
Concluindo, o medo de falhar é humano. O seu reconhecimento é um ato de coragem e um primeiro passo para a mudança. Não conseguimos eliminar o medo, mas podemos aprender a conviver com ele. Recuperar o controle e agir conscientemente pode transformar a nossa vida.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Margarida Amaro
Editado por: Sofia Isidoro


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