Karate Kid: Os Campeões – Crítica

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Karate Kid: Os Campeões é o mais recente capítulo da saga The Karate Kid, iniciada em 1984 com o filme de mesmo nome. Com Ben Wang como protagonista, esta revitalização cinematográfica procura ser uma porta de entrada da franquia para as novas gerações, ao mesmo tempo que expande o universo construído até ao momento.

Fonte: Rádio comercial

O filme é dirigido por Jonathan Entwistle, produzido por Karen Rosenfelt e escrito por Rob Lieber e Robert Mark Karmen. A narrativa acompanha Li Fong (Ben Wang), um prodígio do kung fu, que se muda de Pequim para Nova Iorque com a mãe (Ming-Na Wen) após uma tragédia familiar. Apesar da sua tentativa de evitar as lutas, Li vê-se na obrigação de utilizar as suas habilidades de combate quando ele e os seus novos amigos entram em conflito com os membros de um ginásio de artes marciais. Na sua jornada de resiliência e superação, Li contará com a ajuda conjunta dos lendários mestres Mr. Han (Jackie Chan) e Daniel LaRusso (Ralph Macchio) para conquistar o título de campeão de um prestigiado torneio de karate.

A trama consegue unir as narrativas da trilogia original, que tinha Ralph Macchio no papel de protagonista, e do remake de 2010, The Karate Kid, protagonizado por Jaden Smith, conseguindo assim a proeza de fundir dois universos cinematográficos que, até à data, existiam separadamente e que partilhavam apenas o nome. Esta unificação é feita de forma orgânica e convincente, permitindo rebater algumas críticas feitas ao remake de 2010, nomeadamente a de que não faz sentido um filme ter como título “The Karate Kid” quando a arte marcial praticada é o kung fu. Ao mesmo tempo, consegue dar seguimento, ainda que de forma autónoma, aos eventos da série Cobra Kai (sequência direta dos filmes originais), cuja última temporada estreou em fevereiro deste ano.

Fonte: AXN Portugal

Um dos pontos positivos do filme é o foco narrativo dado ao protagonista. Esta é a história dele e, apesar de contracenar com grandes nomes, Ben Wang nunca é ofuscado. O facto de a sua personagem já saber artes marciais desde o início e de, além de ser treinado por Mr. Han e Daniel LaRusso, também exercer o papel de professor, são elementos novos muito bem vindos que diferenciam esta longa-metragem de projetos anteriores. Li é a personagem que mais brilha, com a sua determinação, altruísmo e bom-humor, conjugados com momentos de maior vulnerabilidade, remorso e autodúvida. A sua jornada prende a audiência e impele-a a torcer pelo seu triunfo.

A maioria das personagens são carismáticas o suficiente para que o espetador se importe com elas, com algumas exceções que se fazem sentir. O principal adversário de Li, Connor Day (Aramis Knight), é extremamente superficial no que diz respeito às suas motivações e à sua rivalidade com o protagonista. Li e Connor fazem parte de um triângulo amoroso cujo terceiro vértice é Mia (Sadie Stanley), a primeira amiga que Li faz em Nova Iorque. Ainda que a relação entre os dois seja explorada na medida certa, o triângulo em si não é particularmente cativante.

A relação de Li com a mãe começa por ser interessante, muito por conta da perda que os assombra, mas o seu conflito central carece de aprofundamento e é resolvido de forma simples, sem o impacto emocional merecido. O sensei Daniel LaRusso também deixa bastante a desejar, possuindo uma participação pequena de tal forma que chega a dar a impressão de que, com um ou outro ajuste narrativo, poderia ter sido completamente excluída do guião. A sua relação com Li é construída de forma apressada e a conexão emocional entre os dois é praticamente inexistente. Dito isto, as dinâmicas mais satisfatórias de acompanhar são, sem dúvida, a de Li e Victor (Joshua Jackson), pai de Mia, e de Li e Mr. Han, seu sensei de kung fu.

Fonte: AXN Portugal

O ritmo é bastante acelerado, constituindo um dos fatores responsáveis pela carência de desenvolvimento das relações entre algumas personagens. Em certos momentos, fica a impressão de que o filme é destinado a pessoas com um attention span muito reduzido. No entanto, a narrativa continua a ser envolvente, maioritariamente graças ao carisma do protagonista e às cenas de ação frenéticas muito bem coreografadas.

Karate Kid: Os Campeões não possui todo o charme de vários projetos anteriores, com vários momentos de potencial desperdiçado. No entanto, não deixa de ser uma experiência cinematográfica agradável e, em grande parte, satisfatória. Alguns elementos nostálgicos trarão, certamente, sorrisos aos fãs do franchise e as lutas possuem emoção suficiente para deixar os espetadores na ponta da cadeira.

O filme estreia nas salas portuguesas no dia 29 de maio.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: João Guerreiro

Editado por: Sofia Isidoro

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