Foi uma cegonha europeia?

Escrito por

No passado dia 28 de abril Portugal e Espanha ficaram sem luz. A cegonha voltou a atacar? O que aconteceu?

Fonte: Sara Reis.

Diz-se que a mesma cegonha que causou o apagão de 2000 voltou para o round 2, mas desta vez com um plano mais complexo e maquiavélico. Colocou o nosso país inteiro às escuras, uma promessa que teria deixado no dia em que fora presa pelo acidente anterior. 

Insatisfeita por ter cortado a luz apenas a metade do país, quando saiu em liberdade há 3 semanas atrás começou a engendrar a nova estratégia. Fontes especulam que também causou o apagão em Espanha com a ajuda de um primo afastado. As autoridades ainda estão para confirmar esta teoria. 

Brincadeiras de lado, as 12 horas em que Portugal ficou sem eletricidade, comunicações e internet foram assustadoras. Mostrando que, os momentos de crise realçam o melhor e o pior da humanidade.

No espaço de 1 hora esgotaram a água no “Mercadona” da minha cidade. Com pouco mais de 36 mil habitantes, os supermercados ficaram vazios. Não sei se tal fenómeno provém de traumas da pandemia, mas toda a gente achou imprescindível ter um stock de 20 litros de água e uma quantidade de atum suficiente para alimentar 8 famílias. 

Todavia, estando o contacto com o mundo exterior cortado, fomos obrigados a socializar com quem estava perto. Nunca ouvi tanta conversa na rua. A minha família sempre que saía de casa voltava com uma história. O meu irmão trocou números de telemóvel com um desconhecido, e, à minha mãe, pagaram uma embalagem de velas.

Foram horas stressantes, e ainda não compreendemos os prejuízos humanos e económicos deste incidente. É preciso admirar quem foi trabalhar- todos os médicos, condutores de autocarros, operadores de caixa de supermercados e quem ajudou a manter a serenidade. 

Mas, como tudo, há sempre um lado bom e um lado mau. Porventura, compreendemos que não precisamos de sentir que o mundo está a acabar para sermos humanos. A entreajuda e a conversa fiada fazem parte da nossa natureza, não é o último recurso. Naquelas horas onde a única fonte de comunicação era o rádio ou a informação de boca em boca, percebemos a importância de interagir para manter a sanidade mental. 

Não digo que devemos voltar a viver sem rede, gosto tanto dos memes do apagão como a pessoa seguinte, mas talvez a humanidade e o sentido de comunidade, que partilhámos nesse dia, pudesse prevalecer. Mesmo com um telemóvel a funcionar na mão.

Em suma, estou farta de viver momentos históricos, mas pode ser que tenhamos aprendido uma coisa ou duas com o apagão.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Sara Reis

Editado por: Sofia Isidoro

Deixe um comentário