A modernização da Branca de Neve

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O clássico conto de fadas da Branca de Neve voltou às grandes telas e o Jornal desacordo não perdeu o visionamento de imprensa do filme, ocorrido no passado dia 18 de março.

Numa nova adaptação do clássico Branca de Neve, que prometia recriar a magia com um toque moderno, foram feitas algumas escolhas sem dúvida questionáveis. Assim sendo, este filme oferece uma experiência única que certamente dividirá opiniões entre os espectadores.

A trilha musical

Se há algo que brilha intensamente nesta adaptação, são as músicas. Com composições frescas e emocionantes, elas conseguem captar a essência de um conto de fadas ao mesmo tempo que trazem modernidade e relevância. Cada faixa parece cuidadosamente trabalhada para ressoar com públicos de diferentes gerações. Não há dúvidas de que as músicas serão um dos elementos mais lembrados e talvez até indicadas para prêmios. E, claro, Rachel Zegler é a estrela aqui: a sua voz encantadora e carregada de emoção eleva cada nota, transformando as canções em momentos verdadeiramente inesquecíveis. E se és o tipo de pessoa que se irrita facilmente em musicais, não te preocupes! Prometo que as músicas ficam no ouvido e que dão um charme à narrativa.

A polémica dos Anões

Agora, os anões: Uma das grandes, se não a maior, polémica deste filme é a decisão de retratar os lendários companheiros de Branca de Neve como seres criados a partir de animação, e não humanos reais. Embora a ideia pareça ter vindo com a intenção de trazer inovação, o resultado é um tanto desapontante, dado que a ideia original do filme seria salientar a representatividade. De qualquer das formas, sentiu-se a falta de profundidade e do carisma que personagens humanos poderiam trazer. Na minha opinião poderia caracteriza-los como um mísero “ok”, certamente não memoráveis. É uma tentativa ousada que, infelizmente, não atingiu o impacto emocional dos clássicos.

Um Príncipe ligeiramente desnecessário

Ah, o príncipe… Se havia algo sobre este filme que Rachel Zegler sempre deixou bem claro, era a falta de importância do papel do seu amado. E lá nisso a atriz não mentiu, visto que a ausência de personalidade do príncipe é gritante, para dizer o mínimo. O coitado parece apenas existir para preencher uma lacuna do conto original e, por isso, não oferece qualquer camada que torne sua presença cativante. Para os fãs de narrativas ricas, esta será uma das maiores críticas ao filme.

A Rainha e a sua atuação (melhor, a falta dela)

Infelizmente, a Rainha Má, uma personagem que normalmente é o coração do drama, falhou e muito em entregar uma atuação convincente nesta adaptação. Não é algo a que já não estamos habituados vindo de Gal Gadot, visto que é algo que já anteriormente presenciámos durante os seus filmes. Durante as cenas que deveriam exalar medo e poder, o desempenho da atriz fica aquém, parecendo forçado e superficial. Considerando a importância dessa personagem no conto, essa lacuna é um ponto fraco significativo.

Contudo, é de ressaltar que esta rainha conseguiu replicar aquele sentimento de medo que costumávamos ter quando éramos miúdos, e aparecia a cena em que a Rainha era transformada na velhinha que iria levar a maçã amaldiçoada à Branca de Neve. Agora estou na dúvida se esse medo que senti foi real, ou se a sala escura do cinema teve algum papel nisso.

Um Toque de Moda

E para os fãs que se interessam pelo vestuário da princesa, uma coisa que ninguém pode negar é o charme das roupas das personagens femininas. Desde os vestidos fluidos e cheios de detalhes até os trajes que misturam elementos clássicos com modernidade, o design de figurinos é simplesmente encantador. É o tipo de trabalho que faz com que os espectadores desejem viver neste mundo mágico só para experimentar o guarda-roupa.

Mas afinal vale ou não vale a pena ver o novo filme da Branca da Neve? Bem, apesar de tudo acredito que é um filme que vale a pena ver. Afinal, quem não gosta de um filme de princesas da Disney? As músicas e a performance vocal de Rachel Zegler são o destaque absoluto, que carregam o filme e oferecem momentos verdadeiramente mágicos. No entanto, é impossível de ignorar as áreas que decepcionam, como a escolha de não humanizar os anões, a falta gigantesca de profundidade no príncipe (a sério, parte de mim morria sempre que ele aparecia no grande ecrã) e a fraca atuação da Rainha. Por isso, é um filme que vale a pena assistir, mas com expectativas ajustadas.

Este artigo é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Margarida Simões

Editado por: Teresa Veiga

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