Os Napa Vão à Eurovisão 2025

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Os Napa venceram o Festival da Canção 2025 e irão representar Portugal na Eurovisão com a canção “Deslocado”. Levantaram o troféu no dia 8 de março numa final que decorreu no Estúdio 1 da RTP.

Fonte: Observador

A banda madeirense ganhou com 17 pontos. Os mesmos que Diana Vilarinho, que cantou “Cotovia”. Foi a votação do público que estabeleceu quem ganhava neste empate. Os 10 pontos conseguidos pelos Napa apenas foram ultrapassados pelos 12 de Henka, que ficou em quarto lugar. Em caso de empate de pontos, ganha quem tem mais pontos do público, no televoto. Foram 12 as canções que concorreram. Para completar o pódio temos ainda Fernando Daniel, com “Medo”, que ficou em terceiro lugar com um ponto a menos que os dois primeiros. Calhou a Bluay, com “Ninguém”, o estatuto de lanterna vermelha. Ficou em 12º lugar com um ponto.

A banda madeirense prepara-se para ficar temporariamente deslocada do país. Têm encontro marcado em Basileia para a 69ª edição do Festival Eurovisão da Canção. A Suíça é a anfitriã. Ganharam o ano passado com Nemo e a sua canção “The Code”. Atuam na primeira semifinal a 13 de maio.

Um júri profissional e o televoto foram responsáveis pela determinação do resultado final. Com uma ponderação de metade para cada um, definiram em conjunto quem seria o representante português na Eurovisão.

Portugal caiu nas casas de apostas para a Eurovisão 2025. Após um pico que colocava o país em quinto lugar, caiu para 28º. Corresponde a um lugar fora da Grande Final. Queda que acontece após a vitória dos Napa.

O jornal desacordo esteve presente nas conferências de imprensa da final do Festival da Canção 2025, tendo colocado questões a alguns dos artistas envolvidos:

Como é que participar no Festival mudou a vossa perspetiva sobre este concurso?

Henka: Eu sinto que para mim durante anos o festival da canção sempre foi o meu guilty pleasure. Sempre gostei de ver a Eurovisão também. Sinto que há muito mais trabalho. Quando se vê na televisão parece que é tudo simples, mas agora ver o processo, como é feito… sinto que tenho de dar muitos parabéns a toda a equipa do festival, a toda a gente que está envolvida, porque é mesmo muito trabalho que eles põem, muita paixão que metem neste concurso, e também a maneira como tratam os artistas. Nós sentimo-nos muito bem vindos, eu pelo menos fui tratada como família. Vê-se mesmo a paixão e o gosto de fazer este festival, porque é um esforço de família e dá assim muito calor às pessoas que veem, mas essa seria mesmo a minha ideia principal, as pessoas não tem assim a  noção do trabalho que as pessoas fazem no backstage para trazer isto a televisão, para as pessoas verem no seu sofazinho com o seu chazinho com o seu robezinho. Tenho mesmo de dizer parabéns à equipa da RTP (aplausos na sala).

Margarida: É de facto é sempre muito impressionante e fascinante ver como é que as coisas são feitas por detrás das câmaras, não é. É de facto uma equipa espetacular e é muito comovente a forma como nos tratam , sentes-te mesmo muito bem aqui. Sentes-te bem vindo e sentes-te importante, que é sempre bom . E depois há uma coisa da qual as pessoas sempre me falaram quando vinha ao festival da canção, este sentido de comunidade e esta experiência de conheceres os teus colegas com quem não te cruzas normalmente. O Festival da Canção proporciona essa experiência, de repente nós estamos a partilhar o palco com pessoas com quem  se calhar nós não nos íamos cruzar tão depressa e há esse sentido de comunidade que se cria, que para mim é muito bonito e é muito enriquecedor ter. 

Bluay: Eu também não tinha noção de que isto dava tanto trabalho, mas também nunca fui assim um acompanhante assíduo do festival, também nem é muito assim  o estilo de música que eu faço, mas sempre tive aquele bichinho de encarar um desafio, mas pensava que era mais fácil, pensava que iam dizer: pá vamos para a sala e canta (risos na plateia). Não sabia que era preciso quarta e quinta, mas yha isso deu me bueda respeito pelo trabalho de toda a gente que está aqui e também pelo ambiente incrível que é estar aqui, somos colegas de trabalho, mas estamos todos a divertir, todos juntos, eu acho que sai um bocadinho essa cena de competição deixa de ser uma competição e estamos aqui todos a trabalhar para o mesmo, que é para a música portuguesa, acho que isso é o mais importante. Não vou pedir uma salva de palmas para a RTP porque já batemos né, mas yha, acho que foram essas as diferenças que senti.

Qual é que, até agora, foi o vosso momento preferido da participação no Festival da Canção este ano:

Fernando Daniel: Acho que foi a primeira atuação, acho que o primeiro ensaio, é aquela coisa que de repente ok, falando por mim, acho que estamos aqui realmente, está a acontecer, é para acontecer. 

Emmy Curl: O meu momento preferido foi na Green room, porque para mim o mais interessante disto tudo é a gente estar todos juntos e dar e conhecermo-nos, partilharmos as nossas histórias e as nossas vivências porque na verdade a comida também é fixe e a bebida. Mas lá está, o ritual da comida e da bebida é sempre um propósito que a gente inventa em sociedade para se unir e eu digo, vou-me citar, vou-me citar (risos na sala): há quem diga que o caminho é a arte de nos juntar.

Diana: Bom, eu faço das palavras da Emmy as minhas também, porque acho que efetivamente o que é mais importante neste festival é o verdadeiro amor à música, é a oportunidade de podermos mostrar, de nos podermos mostrar a nós artistas num todo, mas principalmente artistas que estão de alguma forma a começar, conhecer outros tantos. Tem sido um prazer enorme poder conhecer estes talentos incríveis e poder estar a partilhar esta experiência, o ambiente é mesmo muito bonito, não se sente, eu pelo menos falo por mim, ainda não senti em nenhum momento a coisa da competição e do ambiente estranho entre as pessoas porque um é melhor do que o outro, eu acho que isso no fim interessa pouco. Acho que o que efetivamente interessa é aproveitarmos a experiência, aproveitarmos as músicas e é isto, é o verdadeiro amor à música que se trata  

Josh: Não é para parecer uma Maria vai com as outras, mas é exatamente pelo mesmo caminho. Eu diria que para mim favorito foi a partir da primeira semifinal. Eu comecei a ter assim mais a ideia de como é que ia ser tudo e o processo de arranjar até lá e o estar com as pessoas e estarmos nesta vibe e neste ambiente que, como foi dito, não é assim de competição, não é de grrrrrrrrrrr (onomatopeia rugido), não, é uma coisa: estamos aqui porque somos pessoas, de pessoas para pessoas, com  pessoas e acho que é uma coisa muito bonita e gosto muito disso, estamos aqui todos.

Questão para o Fernando Daniel: Pensaste dar a tua canção para alguém para interpretar, no início, antes de decidires ser tu a participar?

Fernando Daniel: Não, eu assim que recebi o convite por parte da RTP, já tinha recebido o convite no ano anterior inclusive tinha uma canção que já partilhei até com alguns de vocês que era o “Casa”e já tinha estado a querer participar como convidado, e não seria só compositor, mas também o intérprete, porque, acho que faz sentido assim, no meu caso, acho que faz sentido assim portanto, respondendo diretamente à questão: não, mas  já vi por aí muita malta a fazer covers das minhas canções, inclusive desta, que estava muito bem.

O que é que foi mais desafiante, a edição da eurovisão em que participaste ou fazer Ciências da Comunicação no ISCSP? (risos na sala) 

Iolanda: Sem dúvida fazer Ciências da Comunicação no ISCSP (risos na sala)

Queres explicar porquê?

Iolanda: Olha, porque eu ia para as aulas e eu lembro-me, eu estudava no Alt Club na altura e ia para as aulas e ficava sempre com aquele sentimento síndrome de impostor, de que eu não devia estar aqui. Ponto número 1 estava a tirar o lugar a alguém que se calhar queria estudar mesmo Ciências da Comunicação. Eu também queria, eu achava que queria, se calhar era o meu pai que queria. Alguém queria. E eu cheguei e fiz o curso e tal, mas fiz o curso em 4 anos. Eu chumbei um por faltas…ninguém chumba por faltas injustificadas, menos eu. E chumbei esse ano por faltas porque obviamente estava no Hot Clube e ia à Jams, depois comecei a trabalhar. Portanto, sem dúvida, fazer Ciências da Comunicação no ISCSP.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados

Escrito por: Sofia Isidoro, José Pereira e Cristina Barradas

Editado por: Marta Neves



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