
Entre os dias 25 e 27 de Outubro de 2024, realizou-se a apresentação da peça de teatro “Um Louco”, no teatro municipal Joaquim Benite em Almada. Esta peça, da autoria de Leslie Kaplan, retrata e explora, profundamente, temas como a identidade, sanidade e o sentimento de pertença.
A narrativa inicia-se numa viagem entre avó e neto, onde conhecem um jovem prestes a matricular-se na Faculdade de Letras, que mostra no entanto, um grande desgosto por não poder continuar com as suas sessões de terapia pela falta de recursos financeiros. Esta peça desenrola-se em torno de Simão, e se ele é realmente Um Louco por experienciar a realidade de uma forma diferente.
O enredo toma um rumo inesperado quando um dia, surge uma notícia de que um impostor se teria feito passar pelo nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, levando centenas de pessoas a saírem às ruas de Portugal e discursarem enquanto vestidas como ele. É a partir deste acontecimento que se levanta a questão subordinante a esta peça: terá a população enlouquecido de vez?
Com este enigma em causa, a peça muda drasticamente de um ambiente, digamos, pesado e misterioso, para uma leveza e ludicidade, já que os personagens procuram debater e confrontar os espectadores de diversos aspetos caricatos do nosso país, através da ironia e humor.
Nesta representação, são discutidos temas como política, através de fenómenos engraçados que tenham acontecido com ela relacionados, mas também caricaturam programas televisivos, como os noticiários, referindo tópicos como o delay dos repórteres, ou aquela gravação awkward no final dos telejornais, quando os pivôs para evitarem fazer contacto direto com a câmara, olham para os papéis a fingir que os estão a organizar. Outro aspeto engraçado mencionado foram os típicos programas de domingo à tarde, como o “Aqui Portugal” e “Somos Portugal”, nos quais a excentricidade dos apresentadores, assim como a sua maneira de ser, são claramente ridicularizados.

A peça leva o espectador a questionar a relação entre o indivíduo e a sociedade, a autenticidade do poder e a ténue linha que separa a razão da loucura. Kaplan utiliza um tom crítico e irónico desafiando a autoridade, deixando no ar a questão: quem define o que é normal?
Este artigo é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Madalena Cardoso
Editado por: Catarina Soares


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