Ela Jaguar: original, criativa e livre

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Surgiram em 2019 e, desde então, caracterizam-se por evolução e criatividade. Artistas no estilo indie rock, são quatro os membros da banda. Quisemos saber mais sobre estes “felinos” da música e estivemos à conversa com o vocalista e guitarrista Pedro Sacchetti.

Membros da Ela Jaguar – Fonte: Instagram (@ela.jaguar)

[CB] Como e quando é que surgiu a banda?

[PS] Eu e Nuno Henriques (baixista) conhecemo-nos há muitos anos e já tínhamos participado em projetos juntos. Fomos ao Paredes de Coura juntos, em 2019, e ouvimos uma banda chamada Khruangbin e apaixonámo-nos pelo conceito da mesma. Quando regressámos a Lisboa, em setembro, começámos a compor dentro dessa vibe musical, até lançarmos o nosso primeiro EP foram três anos, em março de 2023. Envolvemos o Filipe Ferreira, baterista.

[CB] Porquê o nome Ela Jaguar?

[PS]  O jaguar é o meu animal preferido e chamo-lhe o meu espírito animal. Para mim, este é um projeto livre, a nível de composição. Queria mesmo que fosse um projeto despido e que estivéssemos preocupados em fazer o que gostamos. Assim, quis dar-lhe o nome de Jaguar, para dar a entender isso. A parte do “Ela” foi uma espécie de wordplay que acabou por funcionar [risos].

[CB] Como é que entraram os restantes membros da banda?

[PS]  Eu e o Nuno começámos o projeto e depois, quando quisemos inserir a parte rítmica, precisávamos de um baterista e falámos com o Filipe, que já era nosso amigo. […] Como o projeto tem esta linguagem instrumental com percussão, o João Fonseca, percussionista da banda, foi logo a pessoa que chamei para ocupar este cargo. Somos, no total, quatro pessoas: eu na guitarra, o Nuno no baixo, o Filipe na bateria e o João na percussão. Tudo aquilo que são camadas extras que se ouve no disco, como os teclados, ou fui eu que gravei, ou chamamos alguém, como a Cláudia Correia, teclista, que trabalhou connosco.         

[CB] Como é que define a evolução musical da banda desde o seu início, em 2019?

[PS]  Começámos com algo mais simples, como o EP. Somos autossustentáveis na nossa produção, ou seja, agarramos em tudo no nosso estúdio, misturamos, editamos tudo. Faço parte deste projeto de produção e é algo que gosto imenso de fazer. O Ela Jaguar tem sido um projeto no qual tenho evoluído muito, nesse aspeto. O primeiro EP foi um trabalho mais simples, musicalmente e a nível de produção e captação, e este segundo foi algo mais bem definido. Já sabíamos o que queríamos fazer. Houve um salto e evolução a nível musical, mas também na qualidade de produção […]. Houve uma grande evolução durante este tempo e é esta também a piada, a constante evolução.

[CB] O que é a vossa música transmite? Acha que tem transmitido sempre o mesmo a quem houve, ou que com esta constante evolução tem alterado a sua mensagem?

[PS] Mantendo-nos no universo da música instrumental, eu diria que aquilo que acontece é que a linguagem passa a ser a música, não sendo tão focada numa voz, numa letra ou numa mensagem, e acho que os instrumentos e sons que estamos a ouvir levam-nos para algum sítio. Eu diria que, a partir do momento em que começamos a falar nesta linguagem musical e não numa linguagem falada, aquilo que nós comunicamos vai sempre ser diferente para cada pessoa. Tu ouves uma guitarra, e essa guitarra transporta-te para um sítio teu. Aquilo que nós fazemos é criar uma espécie de um universo instrumental. Acho que para onde é que as leva é que é a parte interessante, é esse o efeito interessante que a música pode provocar nas pessoas. Acho que a Ela Jaguar pode ter esse efeito nas pessoas. No que toca às músicas com voz e letra, nós damos espaço para que os ouvintes interpretem os temas […].

[CB] Na altura da composição das músicas, é só um membro ou trabalham em conjunto?

[PS] Não sei se dá para perceber, mas eu estou no quarto de uma das minhas filhas [risos]. Todos nós temos as nossas vidas. Os nossos empregos, as nossas famílias e, então, a nossa forma de conseguir operar é muito remota. Não é linear, a composição. Por exemplo, o Nuno pode começar uma linha de baixo em casa e mandar-me, e depois encontramo-nos mais tarde no estúdio ou vice-versa. Não há grande regra. O engraçado é que as coisas fluem, graças à tecnologia […]

Algo que faz parte da identidade da Ela Jaguar é que as músicas são tocadas, de facto, de forma genuína. O guitarrista diz-nos que tentam que “seja tudo o mais orgânico possível”, isto é, o mais natural possível.

[CB] Em 2025, quais são três objetivos que têm para a banda?

[PS] O principal objetivo é apresentar este último disco e tocá-lo o maior número de vezes possível, ao vivo. É importante criarmos essa conexão. Em simultâneo, um dos objetivos é manter aquilo que já fazemos bem, que é criar trabalho de estúdio. O terceiro deixo em aberto, porque se conseguirmos concluir os primeiros dois, fico satisfeito.

[CB] E, ainda que pareça uma pergunta similar à anterior, tem algum grande sonho com a banda?

[PS] Sim! Eu gosto da palavra projeção. Eu tenho um “barômetro pessoal” e uma projeção, que é ver, na minha cabeça, a tocar no Jimmy Fallon. Acredito que este projeto tenha qualidade para comunicar a esse nível, mas sem ilusões. A banda já é um sonho que estou a viver, por conseguir fazer aquilo que eu gosto, sem ter de me alterar de forma alguma. Um dos sonhos que tinha, já o estou a viver.

Escrito por: Cristina Barradas

Editado por: Catarina Soares

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