“Vive e Deixa Andar”, um guia de como não fazer um filme de comédia

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No passado dia 23 de outubro de 2024, o desacordo esteve presente no visionamento de imprensa do mais recente filme de comédia portuguesa ‘’Vive e Deixa Andar’’. Ricardo Carriço, Eduardo Madeira e Alexandra Lencastre são alguns dos grandes nomes da televisão portuguesa presentes neste filme, o elenco, apesar de ser um forte chamariz, é um dos escassos pontos fortes deste filme, que não consegue concretizar aquilo a que se propõe, ser uma comédia.

A personagem principal é Lucas (Eduardo Madeira), um homem comum que nunca teve muita sorte na vida. Órfão desde pequeno, cresceu sem um rumo definido e, já adulto, continua a lutar para encontrar o seu lugar no mundo. Apesar de ser bem-intencionado, a sua natureza desastrada faz com que atraia problemas para si próprio, tanto no trabalho como na vida pessoal.

Após perder o emprego e estar à beira de ser despejado do seu apartamento, Lucas recebe uma chamada inesperada de um velho amigo, Júnior (João Manzarra). Júnior propõe-lhe um plano aparentemente simples: passar um fim de semana a entreter duas influencers famosas, Diana e Diva (Débora Monteiro e Oceana Basílio), numa mansão de luxo. O objetivo é fazer-lhes companhia e garantir que tudo corre sem problemas.

Fonte: Vive e Deixa Andar

No entanto, o que parecia um convite inofensivo rapidamente se transformou num caos absoluto. Lucas, sem perceber, envolve-se numa conspiração bizarra que inclui um plano de contrabando, agentes secretos trapalhões e até um criminoso excêntrico, interpretado por Ricardo Carriço. Entre mal-entendidos, perseguições e cenas dignas de uma comédia de ação, Lucas tenta escapar ileso e, ao mesmo tempo, desvendar um segredo sobre o seu próprio passado.

É uma obra com momentos engraçados, mas que abusa de uma velha estratégia dos filmes de comédia, tudo o que pode dar errado concretiza-se na vida de Lucas e há um certo ponto do filme onde essa puxada de tapete deixa de resultar. A sua previsibilidade e preguiça na escrita do guião transformaram o que podia ser um bom filme do cinema nacional, numa obra carregada unicamente pelo seu ótimo cenário, excelente trilha sonora e algumas boas atuações individuais. O grande ponto fraco deste filme é mesmo a personagem principal: Lucas não é engraçado e as suas peripécias mais causam desconforto e irritação do que uma agradável gargalhada. No entanto, se ignorarmos a sua presença, podemos apreciar boas reviravoltas, momentos caricatos e personagens envolventes.

“Vive e Deixa Andar”, de Miguel Cadilhe combina humor, ação e uma pitada de romance, num estilo que homenageia a comédia clássica de Peter Sellers. O filme aposta numa narrativa leve e (supostamente) divertida, cheia de reviravoltas e personagens caricatas, garantindo momentos de riso e entretenimento. 

Para os mais interessados, fica aqui o trailer deste filme!

Este artigo é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Carolina Viana e Marco Morgado

Editado por: Matilde Bruno

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