A data sem fim da Linha do Oeste

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Quando o tema é ferrovia, um dos assuntos que mais domina os últimos anos é a Modernização da Linha do Oeste. Unindo Lisboa à Figueira da Foz, cruzando cidades relevantes como Torres Vedras, Caldas da Rainha, Leiria e ainda Coimbra, foi um dos oito primeiros trajetos ferroviários a entrar em circulação em Portugal (1887). Em 2025 é a principal linha do país não eletrificada, face à área de influência em habitantes, que é mais de 1 milhão (tendo em conta as Subregiões do Oeste, Leiria e Coimbra).

Fonte: Edgar Jiménez

A modernização da Linha do Oeste foi anunciada através do plano estratégico Ferrovia 2020, dividido em três troços: Mira-Sintra Meleças/Torres Vedras, Torres Vedras/Caldas da Rainha e Caldas da Rainha/Louriçal. As obras iniciaram-se em 2020, e tinham previsão de conclusão em 2022 “Linha do Oeste eletrificada até Caldas da Rainha em 2022 — Jornal de Negócios”. O adiamento de ano para ano tem sido recorrente, sendo que, em 2023, a Gazeta das Caldas por fonte das Infraestruturas de Portugal, avançava que Eletrificação até às Caldas só no primeiro semestre de 2024, remetendo já para um atraso de 18 meses entre Meleças e Torres Vedras e de outros 3 meses para Torres Vedras e Caldas da Rainha. A linha do Oeste é dividida na estação da cidade das Caldas, sendo que desta estação saem comboios com direção a Coimbra-B e Santa Apolónia, não sendo possível fazer a linha completa sem trocar de comboio.

O troço de Meleças a Torres Vedras encerrou a 9 de abril de 2024, tendo regressado ao serviço o troço Malveira/Torres, após obras no Túnel na Sapataria (Sobral de Monte Agraço). A circulação a sul da Linha retomou a 5 de janeiro ainda com comboios a diesel, e com transbordo rodoviário entre Malveira e Meleças, devido a obras nesse mesmo troço.

Fonte: PÚBLICO

Ainda sem previsão, a Linha do Oeste não vê num horizonte próximo a aguardada eletrificação, mesmo com as obras que se fazem sentir nos últimos anos.

Ao contrário da parte sul da Linha (Meleças — Caldas da Rainha), o troço a norte (Caldas da Rainha — Louriçal (Pombal)), a situação é inaceitável de acordo com a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, e ainda para os municípios que abrangem a Comunidade Intermunicipal da Região Leiria, sendo que a conclusão até Louriçal não deve acontecer antes de 2030.

Todos esses processos dificultam a mobilidade nas várias regiões da linha do oeste que, desde então, fazem com que os habitantes troquem o ferroviário pelo rodoviário, graças à forte oferta rodoviária que se faz sentir principalmente nos municípios da Comunidade Intermunicipal do Oeste, garantindo ligações a Lisboa em horas de ponta de 10 em 10 minutos. 

O troço a sul das Caldas da Rainha será uma realidade breve, já a norte talvez teremos de aguardar para a próxima década. Os próximos anos serão relevantes para sabermos o verdadeiro desfecho, sendo uma das linhas mais atrasadas do país.

Este artigo é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Gonçalo Angelino

Editado por: Matilde Bruno

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