“A complete unknown“ é um filme que se deve certamente conhecer. Indicado seja para fãs de música, fãs de Bob Dylan (é claro), fãs de folk, de biografias, de um tempo bem passado no cinema. Em “a complete unknown”, de James Mangold, não há espaço para grandes sobressaltos ou dramatismos, não leva às lágrimas ou às gargalhadas, leva a um espaço mais calmo de apreciação à arte, e à genialidade de Bob Dylan, sem a idolatrar, demonstrando-a pelo que é, humana, parte de um homem que acima de tudo é homem de si mesmo, que escreve o que vive e canta-o sem rótulos de géneros musicais.
Bob Dylan é interpretado por Timothée Chalamet, o jovem ator que teve cerca de cinco anos a preparar-se para este papel, como o filme bem o demonstra com uma performance notável, que já valeu uma nomeação aos Óscares por melhor ator principal, entre muitas outras nomeações para o ator e o filme em si. Mas o papel de Chalamet não é o único a destacar, Edward Norton também brilha no papel de Pete Seeger, crucial na ascensão de Bob Dylan e um verdadeiro amante de folk, cuja interpretação já lhe valeu uma nomeação para melhor ator secundário nos Óscares. Monica Barbaro também faz um grande papel na sua interpretação da grande cantora, compositora e ativista Joan Baez, a qual lhe levou uma nomeação para melhor atriz secundária nos Óscares. Elle Fanning também tem uma interpretação ilustre da personagem Sylvie Russo, cujo papel traz o lado mais vulnerável e romântico do filme.
Porém, não são só os atores e os possíveis prémios a si associados que fazem de um filme um grande filme, são as emoções, é a maneira como nos faz sentir ao sair do cinema, é o que aprendemos e neste caso é verdadeiramente o que ouvimos, num filme que transborda de música, nunca excessivamente. É possível que tenha mais música que muitos musicais, porém ainda bem que assim é, porque a música escolhida e que se ouve no filme conta mais história que qualquer diálogo o pudesse fazer. É capaz de ter das melhores bandas sonoras dos filmes dos últimos anos, afinal é só Bob Dylan.
É um filme que explora 4 anos da vida do cantor (1961-1965), os da sua ascensão e afirmação no mundo da música, e que mesmo não capturando a totalidade desses anos contendo um salto temporal entre os mesmos, conta quase tudo o que é necessário saber sobre este homem, que desde o início procurou manter-se fiel a si mesmo, aos seus desejos, ao que queria cantar e ao que via acontecer ao seu redor. A parte do contexto, a maneira como a história que se conta não é imune ao seu tempo, acaba por ser um dos seus pontos positivos, afinal a obra de Dylan é exatamente isso, um espelho daquilo que está a acontecer no mundo com um input do mesmo, o oposto da premissa que a arte deve ser neutra afirmações de palavras vazias de alguns, que no caso de Dylan sempre foram palavras cheias, opinativas, transformativas.
É uma perfeita introdução a quem não conhece a obra ou um bom presente a quem conheça e admire, demonstra perfeitamente o porquê de ter sido até agora o único cantor/compositor que ganhou um nobel da literatura. Recomendações: Ir ver o filme quando estrear a 30 de janeiro, e ouvir Bom Dylan.
Este artigo é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Marta Neves
Editado por: Sofia Isidoro


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