No passado dia 23 de outubro, o Jornal Desacordo marcou presença no concerto intimista de João Gil, no Casino do Estoril.
Este foi um concerto onde a liberdade foi estrela, e onde se celebraram as conquistas de abril. O espetáculo musical começou por fazer ouvir palavras da Revolução dos Cravos e seguiu a estrutura das típicas sessões de esclarecimento que havia, em Portugal, logo após a queda do Antigo Regime, isto é, música e diálogo entre os presentes.
Podemos dizer que, para além de músico, João Gil é um ativista, já que, nas suas músicas, estão presentes mensagens e críticas sociais acerca dos mais diversos temas. Ainda que, dia 23, o grande tema tenha sido a liberdade e a falta dela, pudemos ouvir músicas que abordam a infância e as suas dores, revelando que João Gil aborda temas da psicologia, na sua música, assim como nos consegue transportar para as nossas próprias memórias.
No momento de debate, intervieram figuras como o Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras; a esposa do cantor e artista plástica, Ana Mesquita e @O_Saloio (username na rede social “X”).

No final do concerto, João Gil fez com que todos os presentes se sentissem à vontade para intervir e/ou questionar qualquer coisa, abrindo um diálogo ativo entre o artista e os ouvintes, tornando o momento mais humanista e envolvente.
Foi um concerto de atmosfera única e informal, tendo sido uma experiência cultural para além da música, que ela própria foi apresentada de uma forma especial, uma vez que o cantautor começa por apresentar ao público o seu álbum mais recente “Só se salva o amor”, disco que motivou o concerto em si, e apenas depois dos monólogos e diálogos, que transformaram a sala num ambiente mais familiar, é que foram interpretados os grandes sucessos do seu repertório, falamos de músicas como “Postal dos Correios”, “Saudade”, “Loucos de Lisboa” e poderíamos ainda falar de muitas mais.

Enquanto o início do show se focou mais na audição e aprendizagem de músicas novas, o segundo ato foi mais de nostalgia, de acabar em grande, de fazer a plateia sentir-se em casa. A própria produção do espetáculo focou-se nesse aspeto, ao apresentar as letras das músicas novas, à medida que João Gil ia cantando.
“Só se salva o amor” é um álbum de expressão de alguém que já não se expressava há muito tempo, mas que explica o que sente como mais ninguém consegue. É a arte de ligar o passado com o presente e provar que, no fundo, as coisas não estão assim tão más ou, pelo menos, já estiveram piores. É uma obra que traz paz a um mundo que dela precisa.
Deste álbum saiu um concerto e, deste concerto, saiu um artigo de dois jovens escritores que, em conivência com o resto da plateia, saíram daquela sala com algo a mais do que entraram.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados
Escrito por: Cristina Barradas e Marco Morgado
Editado por: Teresa Veiga


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