“FÁTIMA: Ópera-Rock”: um salto de fé de Filipe La Féria

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A 5 de dezembro de 2024, marcou-se a estreia de mais uma grande produção de Filipe La Féria no Teatro Politeama: “FÁTIMA: Ópera-Rock”. Um musical inovador, que traz para o palco a história de Lúcia, Jacinta e Francisco.

Assim como o jornal desacordo, marcaram também presença na estreia deste espetáculo Luís Montenegro, Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e vários atores e atrizes conhecidos do panorama nacional.

Fonte: Gabriel Garrido

Estamos em 1916. Portugal assume-se uma república ainda muito frágil e de mentalidade conservadora, fruto da herança monárquica que nos deixava 6 anos antes. A Europa estava em guerra, os homens estavam nas trincheiras e as mulheres vestiam-se de luto. Já Lúcia, Jacinta e Francisco andavam no campo.

Três crianças, os famosos “pastorinhos” assumiram ter visto uma aparição de um “anjo” e, no ano seguinte, em 1917, juraram ter visto aparecer sobre uma azinheira na Cova da Iria a figura de Nossa Senhora. De 13 de maio a 13 de outubro, uma vez por mês, Nossa Senhora aparecera religiosamente perante os “pastorinhos”, sempre a dia 13, totalizando 6 aparições no total.

Esta premissa estará em cena até 28 de fevereiro, onde para além de se explorar toda a história destas crianças e do suposto milagre, é feito também um retrato político-social da época para compor a narrativa. Um espelho da miséria e da ruralidade latente nos habitantes de Fátima que viram na figura de Nossa Senhora uma oportunidade, um destino, uma luz.

Elenco de “Fátima: Ópera-Rock” Fonte: SIC Notícias

Ao trazer um tema muito presente na cultura portuguesa, La Féria permite-se a ser ousado. Condensa neste espetáculo dois géneros musicais que, embora de forma desafiante, funcionam harmoniosamente. Há um equilíbrio perfeito entre as melodias angelicais da Ópera que pautam os momentos mais dramáticos com o tom agitado do Rock para os momentos de revolta.

As canções são meticulosamente arrumadas nos momentos chave da narrativa. Sentimos que funcionam quase como gritos de libertação destes personagens, e o balanço entre estes momentos com os de puro diálogo também funcionam brilhantemente, ajudando a criar um certo ritmo que faz com que pareça que o tempo voou.

Desafiando as ironias da semântica, é um autêntico milagre que aqui opera. É uma peça que merece ser vista, apreciada e relembrada. Um salto de fé que só falha em não nos poder chegar a todos, crentes e não crentes, porque a mensagem, acima de tudo, é universal.

Os bilhetes para o espetáculo custam entre 10 e 35 euros. Pode ver a reportagem completa da estreia do espetáculo no vídeo acima, ou no Instagram do jornal desacordo.

Este artigo é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Rodrigo Caeiro

Editado por: Matilde Bruno

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