Afinal, quem é Gracie Abrams, a estudante de Relações Internacionais que decidiu fazer uma pausa na sua licenciatura para se dedicar a tempo inteiro à música e que se tem vindo a tornar no mais recente fenómeno musical?

Tendo crescido rodeada pela indústria do entretenimento, mais concretamente pela indústria cinematográfica, Abrams desde cedo soube que, o que fazia o seu coração vibrar, era a música. Foi através desta que encontrou o mecanismo ideal para compartilhar a sua vulnerabilidade, os seus medos e as suas paixões, assim como para se autoconhecer, refletindo sobre as suas experiências pessoais, como ansiedade ou relações, através de letras e melodias versáteis. Desde cedo, por influência da sua mãe, ouvia canções de Joni Mitchell, que hoje considera ser a sua maior inspiração, tanto a nível pessoal como musical.

Este ano, numa entrevista à revista Vogue, a cantora e compositora norte-americana, que com apenas 8 anos de idade começou a compor músicas no piano, referiu que a descoberta da sua paixão pela escrita surgiu devido a um incentivo da sua professora do terceiro ano, Amy, a escrever, com regularidade, os seus pensamentos e sentimentos em cadernos de bolso, os quais eram pela mesma verificados para se certificar que se encontravam preenchidos.

No ano de 2016, Gracie partilhou, através da rede social Instagram, um projeto escolar que realizou, com a descrição “only for a school project but a girl can dream right”, o seu primeiro conjunto de canções em formato CD. No entanto, é apenas em 2019 que a cantora indie-pop lança o seu primeiro single, “Mean It”, ao público, e que contou com a produção de Aaron Dessner (membro da banda The National), marcando assim o início da sua carreira musical.

Os últimos quatro anos marcaram um período de transformação na carreira da artista. Gracie lançou o seu primeiro EP, “minor”, em 2020, no qual deu a conhecer sucessos como “I miss you, I’m sorry” e “21”, numa altura em que a música servia de escape às suas inquietações. Restringida pela pandemia de dar concertos ao vivo, a artista colaborou, no ano de 2021, com o cantor Benny Blanco na canção “Unlearn”. Alguns meses depois, lança o seu segundo EP intitulado “This Is What It Feels Like”, onde se destacam canções como “Feels Like” e “Rockland”, e no qual explora emoções complexas como insegurança, auto-traição e conexões pessoais falhadas. Este trabalho assinalou uma inovação sonora na música da cantora. Com os centros culturais abertos de novo ao público, Gracie teve a oportunidade de fazer a primeira parte dos concertos da Sour Tour, de Olivia Rodrigo, permitindo-lhe algum crescimento no seu reconhecimento público.

É então no ano de 2023 que a artista se depara com um período de grande mudança, aquando do lançamento do seu primeiro álbum de estúdio “Good Riddance”, produzido novamente por Aaron Dessner, onde dá a conhecer “I know it won’t work” e “Where do we go now?”, mostrando uma evolução das suas letras e produção, mas sendo sempre fiel à sua profundidade e honestidade musicais, que tantos sensibiliza, alcançando a sua primeira nomeação para o Grammy de Melhor Artista Revelação. Um mês depois, em março, Gracie tem a oportunidade de abrir alguns concertos da The Eras Tour, de Taylor Swift, outra das suas maiores influências musicais e que, mais tarde, se veio a tornar numa grande amizade.

Com efeito, este ano (2024), o tão desejado acontece, Abrams colabora com Swift em “us.”, canção nomeada ao Grammy na categoria de “Melhor performance Duo / Grupo Pop”, presente no seu segundo álbum de estúdio, “The Secret of Us”, produzido por Aaron Dessner e Jack Antonoff. Este álbum conta com outros grandes sucessos como “I Love You, I’m Sorry”, “Risk” e “Close To You”. Logo após a sua estreia, esteve em segundo na Billboard 200 e na 49ª posição no Billboard Hot 100. Em outubro, Gracie lança a versão deluxe deste álbum, no qual presenteia os seus ouvintes com sete canções, quatro novas e três versões ao vivo de canções já presentes no álbum. Este traz o sucesso “That’s So True“, escrita em conjunto com a sua melhor amiga, Audrey Hobert, para as plataformas de streaming, após meses de espera, tornando-se num fenómeno a nível global.

Na última ronda de concertos da The Eras Tour, que hoje (8 de dezembro de 2024), após quase dois anos, conhece o seu fim, Gracie tocou, novamente, na primeira parte e aqui foi notória a evolução do seu reconhecimento, em comparação com os concertos que havia realizado até agosto de 2023, onde um menor número de pessoas a conheciam a si ou à sua música. Durante este ciclo, teve ainda a oportunidade de cantar ao vivo, por duas vezes, a canção que tem em conjunto com Taylor, proporcionando-lhe novos admiradores da sua arte.

Apesar de ainda não contar com longos anos de carreira, Gracie já mostrou, com todo o seu trabalho, ser uma das vozes mais marcantes da sua geração. Demonstra facilidade em tocar os seus ouvintes, através da simplicidade e genialidade presentes nas suas letras e composições, que parecem ter saído do diário de muitos e que transformam quem a ouve, ao espelharem os sentimentos de muitos jovens, principalmente.

Com o fim da tour no seu país natal, Gracie conta com uma grande digressão pela Europa, que passará por Portugal no dia 11 de fevereiro de 2025, na MEO Arena, em Lisboa.

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Escrito por: Constança Paulo

Editado por: Matilde Bruno