Biloba: talento português que tens (mesmo) de descobrir

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Com uma melodia fora do comum e uma letra artística, surgem os Biloba, uma banda lisboeta, composta por Francisco Nogueira (cantor, baixista e compositor), Nazaré da Silva (voz e teclados), Diogo Lourenço (guitarra), Simão Bárcia (guitarra) e Miguel Fernández (bateria). A banda formou-se em 2019 e está, atualmente, a ascender a sua arte. Estivemos à conversa com Francisco Nogueira

Fonte: (@biloba.musica) no Instagram

[CB]: Como surgiram os Biloba?

[FN]: Estive quatro anos em Amsterdão a estudar contrabaixo e jazz. Quando voltei, surgiu uma vontade de fazer outro género de música além de jazz. Cresci a ouvir outros géneros de música, como pop e hip-hop. Assim que voltei, peguei em músicos que também vieram do jazz e juntámo-nos, tentámos explorar diferentes géneros musicais e ver o que resultava, tentando ver onde é que o hip-hop e os estilos com que cresci também se podiam inserir.

[CB]: A banda iniciou-se com todos os membros que fazem parte, atualmente?

[FN]: Sim! A banda começou com todos os membros. Tinha curiosidade em saber como é que estas pessoas funcionavam, juntas, a tocar a música em que estava a pensar, e foi assim que começou.

[CB]: A mais recente música dos Biloba, “Flor de Verão”, aborda a busca incessante pelo “eu”. Como é que surgiu uma música sobre este tema?

[FN]: Costumo começar com os acordes, a harmonia e o ritmo. Depois, construo o resto a partir dessa base. A letra é a última coisa. Se há palavras que ficam confortáveis em determinado sítio, uso-os, e tento dar-lhes sentido. Antes de escrever a letra da canção, tento perceber o que é que a música me faz sentir, e perceber o que é que quero expressar dentro dessa bolha conceptual e/ou estética. Este tema surgiu, assim, após a melodia. Sentia que precisava de falar disso. Já escrevi a música há dois anos, mas é preciso muito tempo e trabalho para as coisas funcionarem. Nessa altura era algo que estava a sentir e, por isso, surgiu assim a letra.

[CB]: Qual foi o papel de cada um nesta música?

[FN]: Normalmente o processo da banda é bastante simples e direto. Fui descobrindo que, pelo menos para este projeto, funciona. Eu faço um rascunho da música em casa, especialmente a parte da letra.
Os membros da banda estão sempre livres para mudarem o que quiserem. No entanto, penso que é positivo que, pelo menos na parte criativa, haja um líder criativo, para que as pessoas e opiniões não choquem umas com as outras.

[CB]: O que é que a “Flor de Verão” transmite a quem a ouve?

[FN]: Esta é uma resposta difícil. A interpretação é sempre subjetiva. Tentando não ser muito direto na resposta, mas querendo responder: acho que esta é uma canção muito retórica, ou seja, é uma oportunidade para questionar coisas cuja reposta está dentro de nós, ou talvez até no outro, como o refrão vai mencionar. Porém, será sempre subjetivo. Fica ao critério de cada um.

[CB]: As suas raízes no jazz influenciam a sua música atual?

[FN]: Sim, completamente. O jazz já está dentro de mim e continua a ser muita da música que ouço. Atualmente, ouço jazz mais moderno, não tão tradicional, mas influencia muito, sobretudo na liberdade. Tenho as ferramentas dadas pelo jazz: o jazz é muito atrevido e divertido, quer sempre fazer algo de nós. Esse elemento é muito importante para o projeto. Quero que haja identidade, mas também quero que haja alguma ousadia.

[CB]: Qual foi a música que escreveu mais especial para si?

[FN]: Ui, isso é difícil [risos], especialmente porque há muita música que ainda não saiu. Gosto muito do que é novo. Quando algo é mais antigo, sinto-me mais longe disso e desse compositor (que era o eu do passado), sendo mais difícil rever-me nisso. Não tenho uma favorita, tenho várias, em especial as músicas deste próximo álbum, que sairá em 2025.

[CB]: O que é que podemos esperar deste álbum?

[FN]: Acho que, acima de tudo, é um álbum muito verdadeiro. No processo de criação, pensei em como é que podia transmitir certas ideias de uma forma inovadora.
Foi um álbum cujo processo de criação durou um ou dois anos, por isso apanhou várias fases minhas. Há músicas intimistas e introspetivas, como a “Flor de Verão”, mas também percebi que me é muito natural ir nessa direção, por isso permiti desafiar-me e tentar sair da minha zona de conforto.

[CB]: Quais são as expetativas e principais objetivos para o lançamento deste álbum?

[FN]: Em primeiro lugar, é dar a conhecer, ao mundo, este projeto, do qual estou super orgulhoso. Quero mostrar a música dos membros da banda. O principal objetivo é que as pessoas conheçam, que saibam que isto existe na música portuguesa e que consiga tocar alguém.

Os Biloba estarão no espetáculo da Festa de Aniversário da Atoms, agência da banda, dia 30 de novembro, na Bota, e convida todos a estar presentes. Apelamos a que venham conhecer este talento português.

Podes ouvir “Flor de Verão” aqui:

Este artigo é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Cristina Barradas

Editado por: Catarina Soares

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