Paloma del Pillar participou no The Voice Portugal 2020, juntamente com Jorginhu. Quatro anos depois, fomos descobrir quais são os projetos desta artista multifacetada.

A música continua presente na vida de Paloma, no entanto, há muito mais. Toda ela é artes: música, mas também teatro, dobragens e, mais recentemente, cinema. Para quem não reconhece o nome, Paloma Del Pillar é uma jovem multifacetada no que toca ao mundo artístico, portanto se tiver irmãos, primos, filhos ou crianças pequenas que vos obriguem a ver os desenhos animados com eles, provavelmente já se devem ter cruzado com ela. Se por outro lado são assíduos espetadores dos programas de talentos então podem já ter visto alguma das suas prestações. Seja qual for a opção, de certeza que a sua voz não lhe será totalmente desconhecida.
Qual das tuas paixões veio primeiro?
Cantar. Cantar foi a minha primeira paixão e a minha eterna paixão. Eu comecei a cantar provavelmente com seis anos mais ou menos. O meu tio tinha um restaurante, que é “O Elétrico”, e nós quando acabávamos de servir, juntávamo-nos todos em família. Eu tenho ainda esta memória muito boa de estarmos todos em roda, a minha avó ainda era viva e de emprestar-me o xaile dela. E eu nem sequer cantava fado, mas era aquela cena de “Ai vamos ouvir a pequenina a cantar uma coisa qualquer”.
Do Fator X ao The Voice
Comecei com o “Factor X”. O meu primeiro programa de televisão foi o Factor X, depois foi o Ídolos, depois foi o Just Do It, com o Heber Marques dos HMB, com o Agir, com o Paulo de Carvalho e com a Gisela João.
E depois foi o “The Voice”. Ele [Jorginhu] queria muito ir, eu não queria tanto. Não estava numa fase de vida em que sentisse que estava disponível para ser julgada. Foi assim meio crítico, mas ele queria muito e depois também estava tudo parado, estávamos em plena pandemia [2020] e estávamos um bocado preocupados como é que havíamos de fazer as coisas. Portanto, eu não tinha acabado o curso, não tinha trabalho, não tinha nada e estava ali um bocado à toa. E foi ele que queria muito e eu “Ok então vamos experimentar e vamos os dois”. Nós depois recebemos o convite para irmos e fomos e foi a experiência que foi, que foi muito boa, gostei muito.
O mundo das dobragens
Paloma del Pillar dá voz a personagens de filmes e séries conhecidas por todos: a Raven Voltou (vozes adicionais), That Girl Lay Lay (Saddie), What If, da Marvel (Shuri), Barbie: It Takes Two (Jayla), Monster High (Draculaura), Docinho de Morango e o Monstro do Pântano Baga (Laranjinha), Peter Pan e Wendy (Sininho), A Pequena Sereia (Caspia) e muitas muitas outras. Mais recentemente, deu voz à versão animada de Ariel.
Conheci um rapaz que me disse “Ah que giro tu tens voz de desenho animado”, que foi o bullying que me fizeram a vida inteira. Mas a minha voz mudou: a minha voz era mais assim [aguda]. Agora dá-me imenso jeito. A verdade é que isto também depois era cansativo, eu estava aqui neste registo e às vezes subia… e a minha mãe dizia-me várias vezes “Vá cala-te só um bocadinho”. Agora é só um bocadinho mais grave. [Como estava a dizer], ele tinha comentado “…é porque tu tens uma voz bué de desenhos animados! Tu devias fazer um workshop” e eu “Oh olha ok, porque não? Não tenho nada para fazer, vou fazer” e foi isto. Eu fui fazer um workshop à Audio-In, comecei por fazer um workshop de nível 1, que era de animação, depois fiz de nível 2 que era de imagem real, com pessoas, [o workshop foi feito] com dois formadores incríveis que é o Rui de Sá e a Maria João Miguel. E no fundo foi assim que eu comecei a dobrar, porque fiz aquele workshop, gostaram da minha voz, depois experimentei fazer um casting e depois foi um bocadinho.. que é mais ou menos isto que acontece nesta área.. um bocadinho de boca em boca: “Olha a Paloma… disseram que ela é fixe. Vamos ouvir a voz dela”. Entretanto comecei a cantar nas dobragens. As coisas foram evoluindo muito progressivamente.
A própria afirma que fazer dobragem é muito mais que “fazer vozinhas”:
A questão é, às vezes há o erro das pessoas acharem que isto é só fazer vozinhas e é só imitar. E não é, porque isto é muito giro, nós ouvirmos uma voz que já alguém fez e nós tentarmos ir encontrar aquele registo. Outra coisa, é ouvires uma voz em inglês ou em alemão, e teres que ir buscar naquilo a personalidade da personagem. É esta questão que não queria que se perdesse, isto não é só fazer vozinhas. Quando se vai fazer um workshop, o objetivo é perceber como é que é, ver o que é que é preciso ganhar, o que é que é preciso teres ou aprenderes, para conseguires fazer aquilo. É muito mais do que chegar lá e imitar a voz. Tu com aquela voz, tens que passar uma emoção e ela tem mesmo de ser credível. Dependendo depois do tipo de formato que estás a fazer, há coisas que são mais sérias, outras que não são tão sérias e que são mais de palhaçada, mas em ambas tem que haver uma completa verdade naquilo que estás a fazer. Nota-se quando não é verdadeiro.
Ser uma princesa da Disney: o realizar de um sonho
A dobradora também deu voz a Asha, personagem principal do filme Wish, lançado no final do ano de 2023. Paloma sempre quis ser uma princesa da Disney.
Isto é muito mau porque eu tenho 26 anos, já cumpri o meu objetivo de vida e agora o que é que eu faço? Agora o resto é acrescento, no fundo. Mas eu quando entrei nisto [das dobragens, pensava sempre] “O meu objetivo é ser uma princesa Disney, depois disso é o que quiserem”. E não foi só uma princesa qualquer, foi uma princesa muito determinada, muito altruísta, muito preocupada com os outros, que é uma mensagem que eu gosto de passar às pessoas que estão comigo. E a questão do sonho… a última fala do filme é “Continuem a sonhar”, é mesmo, mesmo bonito.
Revolução Sem Sangue
Mais recentemente, Paloma deu os primeiros passos no cinema, interpretando Teresa. Revolução Sem Sangue estreou em Abril de 2024. Aborda, precisamente, o 25 de Abril, dados os 50 anos da Revolução.
Foi uma mega experiência. É um filme fantástico feito pelo Rui Pedro Sousa, ele é o realizador, tem um elenco espetacular. Foi uma oportunidade incrível, ainda por cima eu também canto, e canto uma música que me diz muito que é a “Pedra Filosofal” (de Manuel Freire). [O filme] é sobre as vítimas, as pessoas que realmente morreram. Porque houve mortes e portanto, dizer que é uma revolução sem sangue e esquecer estas pessoas é muito triste, especialmente porque houve homenagens feitas em que, por exemplo, há placas com os nomes deles e os nomes estão errados. Ele é João Arruda e passou a José Arruda e é muito triste, é muito triste este nome ser apagado assim da história. Eu tenho muito orgulho de estar a fazer parte disto.
Uma conversa calorosa sobre a carreira de Paloma na música, nas dobragens e no cinema. Confissões, conselhos e desabafos. Podes aceder à entrevista completa em podcast no link abaixo:
Escrito por: Marta Ricardo e Catarina Soares
Editado por: Matilde Bruno

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