A 2 de outubro, “Joker: Folie à Deux” (ou “Joker: Loucura a Dois”) estreou nos Estados Unidos da América, tendo chegado aos cinemas portugueses no dia 3.
Arthur Fleck está institucionalizado em Arkham à espera de ser julgado pelos crimes cometidos enquanto Joker. Ao mesmo tempo que luta contra a sua dupla personalidade conhece Lee, o amor da vida dele, e volta a encontrar a música que sempre esteve dentro de si.
Todd Phillips é o realizador do filme, tendo-o escrito juntamente com Scott Silver. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), Harleen Quinzel (Lady Gaga) e Jackie Sullivan (Brendan Gleeson) são as personagens principais da história.
Filme muito aguardado que, no entanto, está a ser um fracasso de bilheteira. Os espectadores estão desiludidos com o filme, porque “transformar o filme do Joker num musical não faz sentido” ou “estragaram a essência do Joker”. Estas críticas estão a gerar dúvidas a quem poderia estar interessado em ir às salas de cinema. Sendo assim, este artigo serve para dar o meu ponto de vista (evitando dar mais spoilers do que o trailer) sobre se vale a pena, ou não, assistir a “Joker: Loucura a Dois”.

É um musical. Desde o início que assim foi anunciado. Quem quiser ir ver, tem de estar mentalizado para esse facto. Confesso que estava reticente, pois não entendia como é que iam conseguir manter o equilíbrio entre a essência do Joker e os momentos de música. Tive receio que fosse como nos filmes das princesas onde resolvem tudo a cantar e aparecem passarinhos e coelhos para ouvir. Surpreendi-me. Gostei muito das músicas e achei que estavam (quase) sempre bem situadas na narrativa (e até no desenvolvimento da personagem Joker). Na minha opinião, o número de atuações musicais não foi excessivo: foi no ponto certo.
Mas para quem é fã da Lady Gaga (e/ou gosta do trabalho dela enquanto atriz e cantora), existe uma outra crítica direcionada ao filme: o tempo de antena da Harley Quinn é relativamente curto. Honestamente fiquei desapontada com esse aspeto, pois as minhas expectativas em relação à personagem eram muito altas e a coitada não teve assim tanto “tempo de antena” como eu acreditava que teria. Como um dos focos do filme é a história de amor entre o Joker e a Harley Quinn, achei isso seria um indicador de que ela ia aparecer no grande ecrã durante mais tempo. Não digo que a personagem da Lady Gaga não tenha tido importância na história! Teve relevância, todavia estava à espera de ver mais cenas das quais ela fizesse parte. Ah! E cortaram a icónica cena dela e do Joker nas escadas do tribunal.

Depois temos a crítica principal a este filme: o próprio Joker. A maioria das pessoas acreditava que íamos vê-lo a percorrer o seu caminho enquanto Joker. Todavia, neste filme trocam-nos as voltas: focam mais nos dilemas “o Arthur Fleck e o Joker são a mesma pessoa ou não?” e “as pessoas gostam do Arthur por ser o Arthur ou por ser o Joker?”. Há quem diga que todo o desenvolvimento da personagem no primeiro filme foi por água abaixo neste segundo. Outros são da opinião de que a maioria dos “haters” está a comprovar exatamente o que foi criticado ao longo do filme. Tenho sentimentos contraditórios quanto a esta situação. Por um lado, gostei bastante de ver todo o desenvolvimento à volta destas questões ao longo da história. Por outro, gostava muito de ter visto um Joker mais próximo ao que nós já conhecíamos como sendo o Joker.
Pessoalmente, gostei muito do filme. A atuação do ator Joaquin Phoenix foi brilhante, a da Lady Gaga também (sou um pouco suspeita para falar dela). Todo o jogo simbólico que fui vendo ao longo do filme (as cores, a luminosidade, quando é que havia momentos musicais e o que significavam) foi bem trabalhado. As críticas que iam sendo feitas foram percetíveis e transmitiram bem a(s) mensagem(ens). Contudo, vou ficar sempre com aquela dúvida de “e se as coisas tivessem acontecido de outra forma?”
Respondendo então à pergunta: “Vale ou não a pena ver o filme?”. Sendo completamente honesta: gastem dinheiro se realmente não se importarem com o facto de a personagem Joker não ser aquilo com que estávamos familiarizados e que não se importem de, em algumas situações do filme, a Lady Gaga e o Joaquin Phoenix começarem a cantar sobre montanhas (juro que isto tem contexto). Se não conseguirem realmente suportar estes dois fatores em conjunto, não vão ver. A minha sugestão é esperarem que seja lançado nas plataformas de streaming onde, à partida, sai mais barato! Para quem ficou desencorajado de ver devido a todas as críticas, sigam o conselho do nosso guitarrista fofinho:

Para ter uma opinião sobre um filme, é preciso vê-lo. Encorajo-vos a formarem a vossa própria opinião, sempre. Independentemente daquilo leiam ou ouçam.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade da autora, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: Íngride Pais
Editado por: José Pereira

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