A saúde mental é um tema que, nos últimos tempos, tem ganho maior visibilidade e relevância. Mas já paraste para pensar como ela afeta a tua vida como dirigente associativo? Enquanto assumiste esta responsabilidade, deves ter percebido rapidamente o peso das expectativas e das exigências que recaem sobre os teus ombros. Estás constantemente a gerir projetos, a motivar equipas, a lidar com a pressão para atingir resultados, e muitas vezes a conciliar isto tudo com a tua vida pessoal e profissional. É desgastante, não é?

O papel de dirigente associativo traz uma enorme satisfação, mas também pode ser uma fonte de stress intenso. As reuniões intermináveis, os prazos apertados, as críticas externas – tudo isto vai acumulando. Às vezes, dás por ti a sentir-te sobrecarregado, sem energia ou até incapaz de desligar. O que talvez não percebas é que este desgaste não é apenas uma questão de cansaço físico, mas também de saúde mental. E sim, isso importa, porque, por mais que a associação dependa de ti, também tens os teus próprios limites.

No recente workshop sobre saúde mental, realizado no âmbito da formação de dirigentes associativos da Associação Académica da Universidade de Lisboa (AAUL), foi destacado justamente este ponto. A necessidade de cuidares de ti próprio foi debatida, e muitos participantes saíram certamente com uma visão mais clara da importância de equilibrar o compromisso associativo com o autocuidado. Este tipo de formação é essencial, não só porque traz à tona um tema muitas vezes negligenciado, mas também porque proporciona ferramentas práticas para gerir o stress, reconhecer sinais de burnout e, sobretudo, promover um ambiente de liderança saudável.

Vivemos numa cultura que muitas vezes glorifica o esforço desmedido e a dedicação total, como se cuidar da nossa própria saúde fosse um luxo, mas a realidade é outra. Se não cuidares de ti, não vais conseguir liderar eficazmente, e isso terá um impacto direto não só em ti, mas também em todos os que confiam no teu trabalho. A tua saúde mental deve ser uma prioridade, tal como o é o bem-estar dos membros da tua associação.

Há momentos em que te podes sentir sozinho na gestão das responsabilidades, ou até culpado por pensares em abrandar. No entanto, não há vergonha em reconhecer que precisas de ajuda ou em procurar formas de aliviar a pressão. Falar sobre os desafios que enfrentas, procurar apoio entre quem te é próximo, e até mesmo recorrer a profissionais da área da psicologia, são passos importantes para garantir que continuas a dar o teu melhor – mas sem te esgotares.

Portanto, para um pouco, reflete. Como tens cuidado da tua saúde mental? O workshop foi um bom ponto de partida, mas o verdadeiro trabalho começa contigo, nas pequenas decisões diárias que tomas para garantir o teu bem-estar. Afinal, só uma mente saudável consegue pensar, inovar e liderar com clareza.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados

Escrito por: Rodrigo Botas

Editado por: Sofia Isidoro