
Como o título indica, escrevo isto precisamente numa altura em que tenho tudo para fazer e nada feito. Então, a minha cabeça pergunta-se: “Poçaras! Mas se tens tanta coisa para fazer e nada feito, porque é que estás a escrever este texto?”. É uma excelente pergunta, à qual ainda não posso responder, porque tenho muita coisa para fazer e nada feito.
Reparemos que, a “muita coisa” à qual me refiro, acaba por ser um conjunto de duas ou três coisas que: até se fariam num instante, até ficariam bem feitas com um bocadinho mais do que um instante, mas que vão demorar, certamente, mais do que um instante a serem feitas, isto porque tenho muita coisa para fazer e nada feito.
Ou seja, observamos por isto que, tal acontecimento é aquilo a que o cidadão português gosta de chamar um “pau de dois bicos” – que se fosse uma coisa como deve ser, era transformada em “pau para toda a obra”, mas como tenho muita coisa para fazer e nada feito, fica para outro dia.
Entretanto, o leitor já se começa a questionar sobre a decência do autor. “Já percebi! Já entendi! A gingajoga do gajo! Até foi engraçado no primeiro parágrafo, a brincadeira de palavras e tal, mas agora, é só estúpido. Utilizar constantemente o trocadilho e a rima para se desculpar de ter muita coisa para fazer e nada feito, não fará com que muita coisa que tem para fazer fique, efetivamente, feita. Portanto, será um ciclo que se cria, do qual o autor nunca irá sair, precisamente por ter muita coisa para fazer e nada feito”.
A si, caro leitor, agradeço-lhe pelo tempo disposto a ler tal peça, mas recomendo-o vivamente a não perder muito tempo com a mesma, e a voltar a colocar mãos à obra o mais rápido possível, porque senão será mais um recluso do “ter muita coisa para fazer e nada feito” – e penso que nem uma escada o possa salvar.
Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do Desacordo ou dos seus afiliados.
Escrito por: João Rui
Editado por: José Pereira

Deixe um comentário