Mary Ann lança “Welcome”: “Uma ode à autenticidade do ser humano”.

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Fica a conhecer a artista Gaiense que lançou esta semana o seu terceiro single.

“Welcome”, uma produção de Danado Film Designs
(Fonte: Mary Ann)

Mary Ann lançou esta semana um novo single, “Welcome”, para adicionar a “Wake Up Call” (2023) e “Pressure” (2024). A carreira a solo da artista começou recentemente, mas a verdade é que esta tem os estudos e a experiência das bandas de que fez parte.

Num registo mais alternativo, pop-rock, a cantautora pretende deixar espaço para a reflexão, com o objetivo de atingir uma conexão com os que ouvem. “Todas as músicas são não só uma crítica, mas uma reflexão da nossa sociedade atual”, diz Mary Ann, quem o desacordo teve o prazer de entrevistar.

Como é que a música surgiu na tua vida?

A música está presente na minha vida desde bebé. O meu irmão mais velho, que é nove anos mais velho que eu, sempre amou muito a música. Ele canta bem, toca guitarra e toca baixo, tendo feito parte de várias bandas ao longo dos anos. Entretanto, seguiu outros caminhos mas foi ele que cultivou dentro de mim o bichinho da música.

Capa de “Welcome” (Fonte: Mary Ann)

Porquê escrever músicas em inglês e não em português? 

Eu nunca fui fã de escrever em português. Não sei porquê, acho que não tenho o jeito que tenho em inglês. Qualquer coisa que eu escreva em português, soa-me mal. Eu não estou a desvalorizar a nossa música e a nossa língua, mas sempre tive uma grande paixão pelo inglês.

Como é que surgem as tuas músicas? Por onde começas?

Ás vezes, através de acordes aleatórios e um bocado de inspiração quando estou no quarto e pego na guitarra. Outras, é só mesmo com um telemóvel e com a voz. Vem-me à cabeça uma melodia, por exemplo, e eu gravo, e depois é que ando a descobrir que acordes são aqueles ou o que é que vou acrescentar.

Muitas vezes, se eu adormecer com um bloquinho de notas à minha beira, acordo e tenho lá uns rabiscos. O meu eu, meio consciente, meio inconsciente, lembra-se de uma frase qualquer, por exemplo, e se eu puder escrevo logo na hora, meio a dormir, meio acordada. E depois já nem me lembro, só quando acordo é que é tipo, “ah, olha, está aqui”. Às vezes faz sentido, às vezes não faz. Há muitos bocadinhos que surgem assim.

O primeiro single, “Wake Up Call”, de 2023, recebeu diversos prémios internacionais, entre eles o H.I.M.A Awards (Hollywood Independent Music Awards), considerado o GRAMMY da música independente.

A “Wake Up Call” nasceu em tempo de pandemia. Aliás, muitos destes temas que estão a sair foram escritos nessa época, daí serem todos um bocadinho retrospectivos. Em “Wake Up Call”, tanto a música como o vídeo incorporam elementos não só de mitologia grega mas também de património português, como a máscara ibérica que muita gente não conhece. Eu queria algo que fosse nosso, das nossas raízes e que não fosse algo que toda a gente faz, como, por exemplo, o Coração de Viana. Voltando à música, ela acaba por ser uma crítica à nossa sociedade, no que diz respeito ao consumismo e ao superficialismo. Mas, no fim, fica tudo em aberto e, no videoclipe, eu coloco a máscara porque acabamos todos por ser vítimas desses valores. Neste sentido, trata-se de dar mais valor às pequenas coisas da vida e não ao supérfluo. Eu diria que é uma crítica social num elemento pouco explorado na música.

O que é que sentes quando vês o teu primeiro trabalho ser logo premiado?

‘Uau’. São considerados os Grammys da música independente, embora de menor renome, mas igualmente incríveis. A produção, as pessoas que eu conheci lá, as amizades que fiz com outros músicos e com produtores, foi uma experiência incrível.

Apesar de ter sido o primeiro trabalho, eu faço música desde sempre. Sempre fiz muita música, sempre escrevi muita música. Por isso, para o mundo de fora pode parecer que era tipo a primeira, mas na realidade não. Houve todo um trabalho antes.

Mary Ann valoriza muito a autenticidade, algo visível nos seus trabalhos:

Eu prezo muito pela autenticidade. Claramente, tenho inspirações, como toda a gente tem, mas gosto de fazer as coisas com a minha essência, do meu jeito, sem pensar muito em expectativas e julgamentos externos. Então, tento deixar tudo isso de lado e focar-me na arte. Eu sei que, do ponto de vista do mercado e do comercial, se eu fizesse algo que alguém já faz, até poderia ter mais ‘sucesso’, mas prefiro ser eu mesma e ir aos bocadinhos do que não ser eu.

Desta forma, nasce “Welcome”, o single que foi lançado esta semana, dia 17 de julho.

Esta está um bocadinho mais atual porque foi escrita em 2023 e a temática da inteligência artificial está muito em alta. Tanto a música como o vídeo são um ode à autenticidade do ser humano e à sua resistência num mundo cada vez mais tecnológico e cada vez mais padronizado. Então, foca muito os sentimentos e as emoções, que são, no fundo, aquilo que ainda nos distingue das máquinas e do AI. Tudo o resto eles podem analisar e aprender. A única coisa que realmente nós ainda temos mais nosso é a nossa personalidade, emoções, sentimentos e a nossa capacidade de contar uma história, que eu acho que não é igual. Daí o foco em sermos nós mesmos, sem seguir modas, sem imitar os outros e não dar importância a julgamentos externos.

Podes ver o videoclipe da música abaixo:

Escrito por: Marta Ricardo

Editado por: Pedro Cruz

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