Opereta “Maria da Fonte”- um clássico adaptado ao humor moderno

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No passado dia 7 de novembro, tivemos a honra de ir ao ensaio geral da opereta “Maria da Fonte”, de teor cómico e satírico “ao jeito dos cânones da Geração de 70” (CCB, 2023). A estreia ocorreu no passado dia 12 de novembro, às 17h00, no Grande Auditório e no dia 14 de novembro – às 10h30- haverá uma sessão destinada a escolas, pessoas seniores, surdas, cegas ou com baixa visão.

Esta peça, composta originalmente por Augusto Machado, conta com a direção musical do maestro João Paulo Santos, encenação de Ricardo Neves-Neves, com a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. É interpretada por oito solistas: Cátia Moreso, Luís Rodrigues, Marco Alves dos Santos, Inês Simões, Eduarda Melo, André Henriques, João Merino, Tiago Matos; E onze atores: António Ignês, Juliana Campos, Rita Carolina Silva, Afonso Abreu, Afonso Lourenço, Guilherme Arabolaza, Miguel Cruz, Ricardo Morgado, Ruben Teixeira, Rui Miguel, e Tiago Estremores.

Fonte da imagem: Sofia Isidoro.

A opereta “Maria da Fonte” retrata a rebelião causada, em 1846, por mulheres minhotas, perante as novas leis da saúde, impostas pelo governo de Costa Cabral. Maria da Fonte, a protagonista desta revolta, é uma mulher distinta das outras da sua época, “intensa” e “corajosa” (CCB, 2023) que lidera as outras mulheres daquela região do Minho nesta luta pelas suas convicções e direitos.

Partes do libreto original desta opereta foram perdidas, por isso, esta versão de Maria da Fonte que nos é apresentada é uma adaptação. Pode realmente dizer-se que foi muito bem adaptada ao humor moderno.

Com pontadas satíricas, é-nos trazida uma história inspirada em eventos reais, onde podemos simultaneamente ficar a conhecer, rir e questionar a moralidade de personagens que em tanto se espelham na nossa sociedade contemporânea.

Durante toda a peça somos bombardeados com referências a questões atuais, e a expressões que só quem vive no século XXI consegue entender. Uma adaptação que consegue cativar, especialmente pelo efeito surpresa que carrega.

Seja pelas referências icónicas e intemporais a Madonna, pelas gírias queer ou pela vivência LGBT sentida e vivida nesta peça, podemos revelar que é uma opereta que emerge e se mexe para nos lembrar do quão atemporal todas estas questões são; sejam elas feminismo, LGBT’s, empoderamento sexual, adultério, ditadura ou revolta popular.

Fonte da imagem: Sofia Isidoro.
Fonte da imagem: Sofia Isidoro.

Os figurinos, da autoria de Rafaela Mapril e assistência de Margarida da Silva, são também um reflexo desta adaptação à modernidade, mas nunca traindo as raízes tradicionais da opereta. É ainda interessante destacar os efeitos sonoros de videojogo e as “corridas de Naruto” para saída do personagem em cena. Todos estes detalhes demonstravam uma atenção redobrada em tornar a peça mais familiar e relacionável com quem a assistia e pudesse correlacionar estas “pistas”.

O ensaio destacou o incrível trabalho do diretor e da equipa de produção. A atenção aos detalhes, desde os figurinos até à iluminação, contribuiu para a criação de um outro mundo no palco.

A caracterização dos cenários foi deslumbrante, onde com simples alterações de luz nos víamos transportadas para lugares completamente distintos, com personagens novos e um ambiente recém construído.

Fonte da imagem: Sofia Isidoro.

Esta opereta promete uma produção que será tanto uma celebração da música de Augusto Machado, como uma homenagem à força e coragem das mulheres. Com a sua combinação de música maravilhosa, performances emocionantes e produção de alta qualidade, esta opereta é certamente um evento a não perder.

Fique atento para mais atualizações sobre esta produção emocionante e prepare-se para ser transportado para o mundo de “Maria da Fonte”.

Este artigo de opinião é de pura responsabilidade das autoras, não representado as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Inês Fonseca, Sofia Isidoro, Teresa Veiga.

Editado por: Marta Ricardo.

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