Os preços exuberantes e os jovens ambiciosos – os novos projetos da CML

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2023 tem sido um ano marcado por muitos eventos. Somos 46.438 novas caras a enfrentar um ambiente ao qual não estamos habituados, uma nova realidade, nova forma de estar e, em alguns casos, um novo “lar” – quartos partilhados com desconhecidos, os famosos “espaços comuns” e os km de distância entre nós e a nossa família.

Mas será que todos estão a viver assim? Será que todos os alunos deslocados têm de facto um quarto para lhe chamarem casa nos próximos 3/4anos? A resposta para essa questão tão utilizada é não. Mas por que será?

Com toda a inflação que nos impediu o alcance de produtos básicos que antes estariam facilmente ao nosso alcance, temos ainda o caso da elevada procura e pouca oferta que não impediu estrangeiros de procurarem a sua próxima casa de férias e portugueses a entrarem na casa dos 30 com a ambição de finalmente saírem de casa dos pais.

O que será então dos milhares de estudantes deslocados? A falta de alojamento acessível é evidente. As cidades de Lisboa e Porto são as mais afetadas. As suas universidades de prestígio são as que mais ocupam as primeiras opções das candidaturas tanto pelos estudantes nacionais como pelos internacionais. Algumas das medidas implementadas, para combater aquilo que muitos afirmam como sendo uma “crise”, foram a criação de residências privadas destinadas a alunos com maior poder de compra, mas que nos últimos anos têm sido utilizadas como alternativa por aqueles que não conseguem arranjar casas ou quartos a preços acessíveis. Estas funcionam quase como estabelecimentos hoteleiros, com rendas descontroladas e pouca proteção em comparação com arrendamentos. Quartos partilhados com preços que rondam os 400 euros e os 900 euros não são aquilo a que podemos chamar de “ideal”, mas numa situação de desespero total, é talvez a única opção.

Como forma de contrastar todo este ambiente, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem vindo a arranjar soluções para a habitação dos estudantes. Neste momento, a CML, encontra-se a “reabilitar e a adaptar para o uso de residência universitária dois edifícios que adquiriu na Alameda Afonso Henriques e na Avenida Manuel da Maia. Esta obra, que representa um investimento municipal superior a 10,5 milhões de euros, está em fase final, prevendo-se a sua conclusão até ao fim de 2023.”

O projeto prevê um protocolo de utilização do espaço, que permitirá que a gestão desta residência universitária possa ser assegurada pela Universidade de Lisboa, será brevemente submetido à aprovação de outros órgãos do Município.

Estes novos alojamentos serão postos à disposição dos estudantes a partir de 2024 e a mesma terá um total de 208 quartos, com 320 camas.

Ainda é possível contar com uma futura projeção da construção de mais 900 camas destinadas a estudantes universitários em Marvila. Além disso, o Município cedeu à Junta de Freguesia de Benfica um terreno destinado à construção de uma residência para estudantes com 120 camas.

O que será que isto significa para os jovens portugueses? Será que é este o incentivo que muitos estudantes estão a precisar? Acreditarem finalmente que não estão sozinhos e que vale a pena escolher Portugal.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Adriana Alvim

Editado por: Diana Rebelo Trigueiro

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