Um Conto de Fadas Contemporâneo

Escrito por

O que começou por ser uma situação hipotética caricata entre o nosso grupo de amigas, estava a meia hora de distância de se tornar realidade. A Infanta Dona Maria Francisca de Bragança iria-se casar com Duarte Sousa Araújo Martins e nós iriamos cobrir todo o evento.

Fonte: Melissa Vieira/ Observador

Poderia descrever todo o processo que nos levou até este preciso momento em que estamos a horas de nos depararmos com o desenlace real, contar-vos o nosso estudo sobre a família real portuguesa e dos possíveis convidados ou ainda da saga do dress code. Mas a verdade é que nenhum destes alcançou a sensação de realidade e responsabilidade como o instante em que surgimos na área reservada à comunicação social. Apesar de sermos recebidas com olhares desconfiados e hesitantes por supostos colegas de profissão, nada nos impediu de executar a cobertura da cerimónia do modo mais profissional possível.

O grande hiato de 28 anos que separa o último casamento real deste, originou uma grande curiosidade e certa adesão por parte da população, que já agitava todo o terreiro de D. João V em Mafra, pelas onze horas da manhã. Desde crianças a graúdos, a multidão empunhava orgulhosa as suas bandeiras monárquicas, neste dia tão atípico para a república. Os convidados de honra começaram igualmente a despontar com as suas vestes de alta costura, umas mais discretas que outras, decoradas com insígnias. Mil e duzentos convidados desfilaram no Convento de Mafra para presenciar a união da jovem Duquesa de Coimbra com Duarte Martins. Entre eles, identificam-se altas figuras do nosso país como Marcelo Rebelo de Sousa (Presidente da República), Carlos Moedas (Presidente da Câmara de Lisboa), e ainda alguns conhecidos da nossa espera política como Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Assunção Cristas. Várias famílias reais europeias tiveram o cuidado de comparecer através de representantes, nomeadamente, a Bélgica, o Liechtenstein ou a Áustria. A família real brasileira marcou igualmente presença, tendo sido dois dos membros mais jovens a levar as alianças até ao jovem casal.

O noivo entrou na basílica nervoso, mas sempre com um cumprimento e um sorriso guardado a quem a si se dirigia. A chegada da noiva com seu pai, D. Duarte Pio Duque de Bragança, desabrochou em cada um de nós a criança interior que fantasiava com os clássicos da Disney. Assim como Cinderela, Dona Maria Francisca, percorreu a calçada de Mafra na sua carruagem puxada a cavalos enquanto acenava à multidão que se juntava para a admirar. A princesa seguia despretensiosa no seu vestido branco simples de corte elegante, com discretos brilhantes nas mangas que impressionavam apenas os mais atentos. No topo da cabeça assim como no pulso direito dispunha de peças outrora pertencentes a Rainha Dona Amélia, madrinha de D. Duarte Pio, nomeadamente um diadema cintilante e uma pulseira ornamentada com pedras azuis respetivamente. A expressão da noiva transparecia o nervosismo característico do dia do matrimónio, contudo, não deixava de acenar e sorrir emanando a felicidade que transportava no peito.

No fim da cerimónia, os noivos já casados cortaram o bolo da população com uma espada para o público que os aclamava e lhes desejavam as maiores felicidades. Tal como o bolo para os convidados, este também continha um recheio de noz e um coração de filigrana feito à mão a enfeitar. O pôr-do-sol já iluminava Mafra quando os convidados, assim como os noivos, se ausentaram para o cocktail. Antes dos pais da noiva fazerem o mesmo, tivemos oportunidade de trocar breves palavras com D. Isabel de Bragança. A Duquesa de Bragança confidenciou-nos não se ter comovido durante o casamento da filha por estar envolvida numa grande alegria. Confessou ainda que se sentia cansada, porém feliz pelas celebrações terem corrido do seu agrado.

A festa prolongou-se pela noite fora nos jardins da casa da família real portuguesa em Sintra, onde compareceram mais alguns amigos do casal. Brevemente os recém-casados partirão em lua de mel para Marrocos, regressando posteriormente para se preparem para uma nova vida em casal em Londres em busca do aguardado “E viveram felizes para sempre!”.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Catarina Macedo Matos

Editado por: Diana Rebelo Trigueiro

Deixe um comentário