Não entrei na faculdade. E agora?

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Desde muito novos que nos é incutida a importância de estudarmos, muito, alcançando bons resultados, para mais tarde podermos tirar o nosso curso e, assim, ter uma carreira estável e de sucesso.

E a verdade é que passamos doze anos da escolaridade obrigatória com esse pensamento “preso” a nós. Damos o nosso melhor, sempre na esperança de que este seja suficiente para ingressarmos no Ensino Superior.

Mas, e quando isso não acontece?

Fonte: EDUPORTUGAL

A cada início de ano letivo, são milhares os alunos que se candidatam ao Ensino Superior. Nesse nicho, podemos encontrar um pouco de tudo: alunos cujo único desejo é mesmo o de entrar na faculdade; alunos cujos pais e/ou família não lhes deram, por assim dizer, grande alternativa; e, também, alunos que, acabados de sair do 12.º ano, pensam que o caminho mais lógico será o de ir para a faculdade, ainda que não saibam ao certo qual a área na qual se imaginam, futuramente, a trabalhar.

Qualquer uma destas situações e opções é válida e deverá ser respeitada. Afinal de contas, não somos nem devemos ser obrigados a saber taxativamente tudo acerca de nós próprios com 17, 18 e até mais anos.

Voltando à questão das colocações no Ensino Superior: todos os anos, por volta do início do mês de setembro, cada um dos milhares de alunos que concorreu a um máximo de 6 opções de curso/instituição, recebe o tão famoso e-mail da DGES (Direção-Geral do Ensino Superior), que dita a colocação ou a não colocação numa dessas opções. E se por um lado são vários os posts de celebração que vemos espalhados por todas as redes sociais, com o típico screenshot da colocação no curso desejado (não se deixem enganar, eu também o fiz!), por outro, existe o outro lado da moeda que, muitas das vezes, acaba por não ser devidamente abordado – o daqueles que não conseguiram colocação nesse ano.

Sei que poderá parecer que estarei a constatar o óbvio, mas, tendo passado por uma situação semelhante, sei agora o quão importante poderá ser a leitura do testemunho de alguém que passou pelo mesmo que nós e que, ainda que de formas distintas, compreende o que estamos a sentir, porque o sentiu na primeira pessoa.

Não há nada de mal em não se entrar para a faculdade na altura em que é “suposto”, logo pelo simples facto de não existir sequer uma altura ideal comum a todos. Somos indivíduos com percursos diferentes. Uns, com objetivos a realizar num futuro mais próximo, outros, com objetivos em mente, mas que até podem esperar.

Não é realista afirmar que temos todos, obrigatoriamente, de seguir o mesmo percurso, exatamente no mesmo timing. “Ah, mas todos os meus amigos entraram na faculdade este ano. Vou estar a perder um ano.”. A esse propósito, deixo-vos uma frase da professora de Filosofia que tive no Ensino Secundário, e que muito me marcou, a propósito de um desabafo precisamente no ano em que “supostamente” deveria ter ingressado no Ensino Superior: “Um ano não é nada numa vida (…) e tens a vida toda.”.

Na realidade, aos 17 anos, não soube absorver a real mensagem que aquela frase transmitia. Não entendi de imediato o peso daquelas palavras e o quão, quase paradoxalmente, me poderiam tirar um grande peso de cima.

Hoje, na reta final da minha Licenciatura, sei que de facto um ano não é nada perante a vida que temos pela frente.

Por isso, e concluindo, se não entraram no curso que queriam, na faculdade que ambicionavam, ou se não entraram de todo no Ensino Superior, saibam que para o ano haverá novamente a oportunidade de se candidatarem e, até lá, aproveitem as tantas oportunidades que um gap year vos traz.

Não desistam dos objetivos que traçaram para o vosso futuro. Quando chegar a altura certa, podem crer que tudo se desenrolará naturalmente. Se calhar, até melhor do que alguma vez tinham planeado.

Não sabemos em quanto tempo isso se traduz, mas temos a vida toda.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados.

Escrito por: Leonor Pinto

Editado por: Inês Reis

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